sábado, 26 de setembro de 2009

O Artista Mestiço

Assim foi retratado Thomas Mann (depois da obra de Richard Miskolci). A homossexualidade reprimida é um dos principais componentes das obras desse autor alemão. Thomas Mann nasceu no final do século XIX, época em que desvios da conduta sexual eram considerados males psiquiátricos. Inclusive, indicaram-lhe um tratamento: a cura do sono. Seu sofrimento interior é compensado em suas obras. Chegou inclusive a ganhar o Nobel de Literatura de 1929. Patriota, foi exilado na época de Hitler, indo para os Estados Unidos. Durante a segunda guerra, gravava programas de rádio para ouvintes alemãs (que ouviam suas transmissões em segredo), fazendo um apelo à razão do povo. Roosevelt chegou a cogitar a possibilidade do autor assumir o governo alemão pós-guerra.

Dotado de uma sensibilidade crítica, publicou um livro retratando a burguesia alemã em sua queda, fazendo críticas a ela em "Os Buddenbrooks", livro em conta a história de sua própria família, inserida na esfera burguesa. Também publicou "A Montanha Mágica", livro em que expõe o contexto histórico e social da I Guerra Mundial . Mas o meu preferido é um de seus mais famosos clássicos: Morte em Veneza & Tonio Kröger.

Confesso que entrei em êxtase quando o li. O autor escreve longos diálogos e solilóquios filosóficos sobre a vida e os sentimentos. O livro passa ser ainda melhor para aqueles que sabem o que o autor passou. A parte mais marcante da obra, para mim, foi quando o autor conclui: não importa ser correspondido em seus sentimentos ou não, mas somente o fato de você sentir. Ao sentir, há a certeza de não estar morto por dentro, de não ser vazio. E essa é a maior alegria que alguém pode sentir, saber que está vivo. Nunca consegui ler tão cristalina e puramente a mente de uma alguém como naquelas poucas linhas.

É obvio que não existe conhecimento neutro. Ele projeta em seus personagens seus próprios sofrimentos para que estes diminuam, inconscientemente não façam mais parte dele. Penso que um autor que teve a coragem de se fazer ser lido tão diretamente, de expor seus íntimos pensamentos e ao mesmo tempo enxergar o mundo com olhos tão apurados e críticos, não pode passar despercebido. Fica aí a dica.

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