sábado, 12 de setembro de 2009

"A" Metáfora para Perfeição

"Musashi" - Eiji Yoshikawa

Não me aguentei e estou aqui postando sobre uma obra que é a de maior influência no meu modo de pensar. "Musashi", de Eiji Yoshikawa me foi apresentado, pelo puro acaso, à alguns anos. Época em que cursava a oitava série do ensino fundamental. Esse romance me moldou muitos conceitos e ideais que até hoje me acompanham.

A narração mistura fatos reais com certas passagens romanceadas para contar a história do maior samurai da história do Japão: Miyamoto Musashi. Este lendário bushi (classe dos espadachins da época feudal japonesa) passa, durante toda sua vida, por uma enorme evolução espiritual para se tornar um verdadeiro mestre. Sempre forte e impetuoso, o jovem Takezo (rebatizado, mais tarde, com o nome de sua vila e uma releitura de seus ideogramas) aprende o que realmente é importante na vida de um ser humano, seja pelo modo de vida de um guerreiro ou de um monge. Acompanhamos também, a vida de Matahachi, melhor amigo de infância do herói, que passa por inúmeros altos e (mais ainda) baixos; Otsu, ex-noiva de Matahachi que se apaixona platonicamente por Musashi; monge Takuan, uma inspiração, não só para Musashi, como para todos que têm a oportunidade de conhecê-lo; entre outras personagens marcantes (Sasaki Kojiro, Akemi, o jovem Joutaro,...). O grande mérito do autor, Yoshikawa, é transcrever certas passagens de maneira minuciosamente e belissimamente detalhada.

Dividido em 7 "partes", estas em outros vários capítulos, a obra evolui em conjunto com o espírito de Musashi. Começando com "A Terra", passando por "A Água", "O Fogo", "O Vento, "O Céu", "As Duas Forças" e "A Harmonia Final", fica clara a alusão ao progresso na obra. Os cinco primeiros livros se referem ao ciclos, segundo o budismo, pelos quais passa o espírito para alcançar a perfeição, o nirvana. Bela metáfora do autor para ilustrar o caminho de Musashi: de jovem sanguinário à criador de um estilo surpreendente de empunhadura de duas espadas, o Niten ichi.

Inúmeras são as passagens que eu poderia citar aqui para ilustrar minha admiração por esse belo romance, mas, escolhi essa, em particular, por ser uma que tem algo relacionado com minhas postagens anteriores, a música. Aí vai:

 "O som da flauta elevou-se no ar. Os dedos de Otsu, delgados e brancos, pareciam pequenos duendes pisando e dançando sobre os orifícios da flauta.
  O Tom era grave - transportado pela melodia que murmurava como um regato, Takuan sentia-se fluir como águas que ora correm apressadas por vales, ora brincam travessas em remansos. Ao se elevar aguda a melodia, experimentava a alma arrebatada subir ao espaço, brincar entre nuvens; ou então, vozes da terra e ecos do céu compunham novamente uma triste melodia, a canção do vento a sussurrar nos pinheirais lamentando a inconstância das coisas mundanas"

Vale a pena, demais, diga-se de passagem, ler as aproximadamente 1800 páginas dessa magnífica história.

Aqui, artigo na Wikipedia sobre o herói. O livro é disponível aqui no Brasil pela editora Liberdade.

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