Se alguém viu a nossa “independência” por aí, por favor, me avise. Isso se é que ela algum dia já tenha existido. Por exemplo: nosso "brado retumbante" de independência não foi dado pelo “povo heróico", mas sim pelo atual autocrata da nossa colônia. O nosso país é o único da América Latina inteira a ter sua independência proclamada pelo governante vigente. Uma verdadeira piada, mas se tratando de Brasil...
O pior é que não foi só isso. Aliás, bom se fosse só isso. Logo depois da “Independência” – e eu prefiro insistir com as aspas – foi atribuída a nós uma espécie de indenização sobre o que Portugal perderia com nossa exploração. Como se não tivessem bastado os 300 anos anteriores. Bom, depois de D. Pedro I declarar a infame, ele mesmo – mas que dúvida – assumiu o poder, mas, graças ao seu “pavio curto” e sua falta de jogo de cintura, acabou não aguentando a pressão e voltou para sua terra natal reivindicar o trono deixado por seu falecido pai. Em seu lugar, deixou seu filho D. Pedro II, que na época tinha apenas 5 anos! Após um governo conturbado e um xunxo tipicamente brasileiro chamado de “golpe da maioridade” finalmente o Pedrinho assumiu. E a liberdade e “independência” continuavam como a dama despudorada da tela de Delacroix e das musas do nosso romantismo; uma figura linda, idealizada e inalcançável. Isso sem contar a constante interferência da Inglaterra que não contente com a exploração econômica nos atiçou a declarar a desonesta guerra do Paraguai.
E veio a Velha “República” – com aspas também porque pra mim República significa Res Publica, ou seja, a coisa pública, e não a vergonha da nossa política do café-com-leite; não me culpem, não fui eu quem escreveu a história –, o golpe de estado de Getúlio, o Estado Novo, a Nova República, a Ditadura e por fim o nosso período atual. Nesses quase 200 anos pouca coisa mudou. Não somos mais explorados pelo Reino Unido, mas sim pelos EUA; o chic agora não é mais dizer bonjour, mas sim hello; quem manda no Brasil não são mais os cafeicultores, mas sim os grandes empresários e o Brasil não se chama mais império ou reinado, mas sim República Federativa.
E a “Independência”? Pois é, ainda estou procurando. Se não sofremos exploração política, sofremos exploração cultural e econômica. Pelo visto, o “Independência ou morte” da cena nas “margens plácidas” do rio Ipiranga está mais pra “Coincidência ou sorte” do que pra qualquer outra coisa.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
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Seus finais são como a cereja do sundae. Sinceramente, a independência do país virá com o pensamento independente, com o descarte das idéias prontas e pré-assadas, com o fim dos modelos de pesamento, com o resgate dos grandes pensadores, com a restauração do amor para com os outros e o fim da anestesia grupal. Ontem até comentamos, não existe nem mais filmes como antigamente. É como se as pessoas tornaram-se tabulares e superficiais. O que a gente precisa é de uma escapatória, de uma alternativa. Somos simplesmente fruto de um sistema conformador. Não só os brasileiro. Estamos mais domados do que nunca
ResponderExcluirÓtimo texto, Alan.
ResponderExcluirHá muitos que recusam-se a enxergar isto tudo que você nos trouxe, embora seja tão óbvio.
O brasileiro, parece, traz a contaminação das cores televisivas na retina: vê a porra toda colorida.
Não nos tornamos realmente independentes, até a presente data. Liberdade não se dá (e nem se aceita). Liberdade, que eu conheça, só mesmo a gente arrancando... Conquistando.
Somos um arremedo de país, com um hino positivista ridículo, com uma bandeira que estampa dois substantivos que não fazem parte do nosso idioma espiritual (pelo contrário!)...
O que fazer? Já não sei. O país está superpovoado por pessoas que não têm mais remissão - nem mesmo falar a língua já se sabe no Brasil.
Alguns problemas que as "autoridades" deixam surgir e que crescem em algumas décadas, levarão várias gerações para serem sanados - isto, se forem, esses problemas, atacados com seriedade. E não são.
Gostei da tua percepção - e acho que você deu o recado num texto bem escrito.