domingo, 13 de setembro de 2009

Custe o que Custar

Quem não imagina uma solução para o mundo caótico de hoje? Sempre penso em um universo onde o escambo predomina. Apesar de ser uma forma rústica, apropriada para a economia moral predominante da Idade Média, seria muito bom ter um mundo sem dinheiro. Cada um cumpriria com as suas obrigações, desempenharia sua função social para que o organismo da sociedade funcionasse. A mercadoria teria seu valor equivalente em outra mercadoria, e não no dinheiro. Assim, quando eu quisesse o fruto do trabalho qualitativamente diferente do meu, trocaria pelo produto do meu próprio trabalho em si. Talvez seja esse o cerne da idéia do comunismo.

Colombo já dizia que o ouro é sublime, e quem o tem, faz o que quiser no mundo. Ele iguala as mercadorias, faz desaparecer todas suas diferenças qualitativas. Os antigos viam nele um poder corrosivo da ordem moral. Shakespeare fala do escravo amarelo, que abençoa amaldiçoados, honra ladrões e os coloca no senado. É a “vil prostituta” da humanidade. Sófocles o acusa o dinheiro de induzir o homem a fazer coisas amaldiçoadas pelos Deuses, de deturpar seu espírito nobre e arruinar cidades. Marx fala que o dinheiro, na lógica burguesa, torna-se o poder social: assim, a burguesia, autora da teoria mercantilista, a desenvolve de tal maneira a chegar no capitalismo. Esse torna-se a corporação brutal da hierarquização social.

O trabalho,em meio a essa lógica excludente, torna-se a perda de si mesmo, alienado. Ele não objetiva mais a satisfação de necessidades humanas, mas sim sua realização efetiva. E tudo pelo entesouramento dos homens, pela fome de poder, concentrado sempre nas mãos de poucos. O trabalho torna-se assim, a perda de si mesmo. O operário põe vida naquilo que produz, e ela se exterioriza no objeto. Ele não se realiza com isso, mas é apenas uma vítima do sistema criado, para que uns governem e outros sejam governados. Incrível como essa lógica pós-revolução industrial ainda se mostra atual, mesmo depois de quase dois séculos.

Um comentário:

  1. Faço das minhas palavras, as palavras do Roger Waters:

    "Money, get away.
    Get a good job with more pay and you're okay.
    Money, it's a gas.
    Grab that cash with both hands and make a stash.
    New car, caviar, four star daydream,
    Think I'll buy me a football team.

    Money, get back.
    I'm all right Jack keep your hands off of my stack.
    Money, it's a hit.
    Don't give me that do goody good bullshit.
    I'm in the high-fidelity first class travelling set
    And I think I need a Lear jet.

    Money, it's a crime.
    Share it fairly but don't take a slice of my pie.
    Money, so they say
    Is the root of all evil today.
    But if you ask for a raise it's no surprise that they're
    giving none away."

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