sábado, 31 de março de 2018

Defesa de um realismo - e suas consequências


The Last Superstition - Edward Feser

Falar de moralidade e filosofia metafísica com precisão e ao mesmo tempo fluidez é uma conquista para poucos, e isso é atingido no caso de Edward Feser no livro A Última Superstição – Uma Refutação do Novo Ateísmo. Com linguagem divertida, provocando de maneira inteligente e ao mesmo tempo dura e rigorosa os adversários e seus argumentos, essa obra é obrigatório como introdução à defesa racional da existência de Deus.

Sua argumentação segue a lógica desenvolvida pelos chamados escolásticos, que constroem suas explicações a partir de um entendimento do realismo filosófico de Platão, seu refinamento em Aristóteles e subsequente aprofundamento em São Tomás de Aquino. Essa trilha nos leva às consequências da chamada "Lei Natural" para nossa moral e ética, através do conhecimento da importância de uma metafísica, isso é, uma ciência e estudo do "ser", ou da existência das coisas em si. E essas consequências, apesar de beirar o óbvio para quem segue o fio dessa meada, hoje são tidas como incorretas e "moralistas" no mau sentido.

Sem entrar muito nessas diferentes paradas da explicação de Feser, vale trazer o itinerário em linhas gerais. A introdução do livro é basicamente uma promessa de que Daniel Dennett, Richard Dawkins e companhia – os chamados Novos Ateus – estão redondamente errados, argumentam partindo de caricaturas dos seus opositores e ignoram descaradamente a potência das ideias metafísicas para explicação da existência de Deus.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Presença, de Corpo e Alma

Uma observação:

Tem vezes que sua presença é sufocante, tão constante. Parece até uma sombra, um acompanhamento irrecusável, uma peça que combina exclusivamente com seu par. Por onde vá, lá está ele.

Indo pela rua, mesmo após um dia inteiro de atividades envoltas em grupos diversos de pessoas distintas, de lugares diferentes, mesmo assim, lá caminha tua companhia, ao teu lado. Após uma leitura, profunda ou barata, após uma reflexão, um devaneio, uma reflexão, após uma rápida ou pesada discussão, após o banho(!), o almoço, a escovada dos dentes,...  até mesmo se tentas assaltar a geladeira pela madrugada, ou fazer um bate-volta no posto de gasolina da esquina por um chiclete, ou correr na locadora devolver o catálogo, é inevitável, te segue.

Sem perceber, o achas no fundo do copo (vazio), na crista da onda, na cobertura do café cremoso, no molho do macarrão (espirrado na camisa), no embrulho amassado da caixa de chocolate.

No caminho pra casa, independente de ser um atalho, ou uma nova rota, ou o traçado do cavalo do padeiro, pode ser que te vires e só o vejas distante, avoando. Se não o vê prontamente, ao te virares ou ao olhares para baixo, não te engana. Depois de procurá-lo, é provável que assim o encontre: casual, distraído, até desleixado. Mas sempre fiel.
Se com isso ficas nervoso, decepcionado, preocupado, relaxa. Ele te vê, e ri, de canto de boca, discreto.

No fim, te acostuma.

Mesmo acostumado, há momentos em que te surpreende vê-lo. Era ele lá no fundo, quando virei a cabeça? Era ele atrás do outro, quando passou o ônibus? Era ele no reflexo da janela, quando a fechei? Era; ou não era. Mas que ele estava lá, ah, disso não tem dúvida.

Quando penso nisso, por mais tempo que invista (ou gaste) no assunto, sempre o percebo fiscalizando, acompanhando, até ajudando. Mas sempre quieto.
Até se o encurralo, no seu esconderijo mais batido, no espelho, ele consegue se fazer de desentendido, que não viu nada, não escutou nada; não fala nada.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Viagens à Sonhos (e Pesadelos)

"O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus" - Terry Gillian

Filme viajado me atrai muito, principalmente depois de ter sido indicado por alguém. Falo aqui sobre "O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus", de Terry Gillian. Filme viajado, mas as viagens rendem muito mais que umas horas de entretenimento, pelo menos pra mim.

O filme trata da história do sobrenatural doutor Parnassus, que, com sua equipe, formada por um anão muito esperto, sua filha e um garoto de rua, oferece um espetáculo de rua que é muito mais que apenas uma peça de teatro. Mas não só de shows vive a trupe. Parnassus ainda tem um relacionamento conturbado com o diabo, recorrendo em apostas com ele, ganhando às vezes, perdendo em outras. Num acordo com o capeta, dr. Parnassus promete a vida de sua filha quando essa completa 16 anos. Essa data vai chegando e, ao mesmo tempo, essa estranha equipe encontra e salva a vida de um esquecido desconhecido. E tudo muda a partir daí, óbvio.

Além de se tratar de um filme com cenas deslumbrantes dentro das imaginações das personagens, visualmente muito atrativas (algumas baseadas em quadros famosos), o filme é o último que conta com a participação de Heath Ledger (o famoso Coringa, d' "O Cavaleiro das Trevas"). Gillian, após a morte de Ledger, precisava continuar o projeto, e, para isso, chamou alguns atores para, de maneira muito criativa, interpretar sua personagem. Os "tapa-buracos" são só Jude Law, Jhonny Depp e Colin Farrell.

Vale a pena esse filmão. Só vão assisti-lo com mente aberta e prontos para uma viagem à imaginações e sonhos de personagens não muito comuns.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O Forjador de Espadas

Apenas transcrevendo um pequeno conto zen japonês que é citado em "Coleção de Areia", último livro de Ítalo Calvino que é, na verdade, uma coleção de crônicas sobre variados assuntos.

"O discípulo de um grande forjador de espadas acreditava ter superado o mestre. Para provar quanto suas lâminas eram afiadas, imergiu uma espada num riacho. As folhas mortas levadas pela correnteza, passando no fio da espada, eram cortadas em duas no ato. O mestre imergiu no riacho uma espada feita por ele. As folhas fugiam, evitando a lâmina."

O autor cita esse apólogo ao contar sobre algumas exposições que viu no Japão sobre espadas. Calvino dizia não entender o fascínio dos nipônicos pelas lâminas e, ao começar a compreender a adoração deles, diz que finalmente esse conto fez sentido.

Além de transcrever essa passagem, aproveito para indicar o livro em questão, que, apesar de ser o último e o mais heterogêneo de sua obra, é dos melhores para ser lidos. Leve, com crônicas rápidas sobre viagens, exposições, livros. Enfim, vale a pena!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Haikai Convidado

Já que os autores estão meio perdidos do caminho do Blog, segue um haikai, que surgiu do acaso, de um colega meu:

Quanta coisa foi
redita quanto desdita?
Acho infinitas

Por Matheus Hella, o Betz'owrow.

domingo, 29 de agosto de 2010

Tem Alguém em Casa?

Se não me engano, escrever era um jeito bom (dos melhores) pra se organizar os pensamentos. E, tendo em vista que a última vez que me aventurei com o verbo (o sujeito e o predicado) foi há quase três meses, posso dizer que, com certeza, me fez falta.

Certeza porque ao vagar pelas livrarias hoje não sabia o que procurar nas estantes. Pra mim, não é um bom sinal. Geralmente, o assunto que quero me direciona à seção correta, ao romance que me faltava, à biografia que precisava. Agora, não. Crítica literária de James Joyce? Resenha sobre Guimarães Rosa? Mais um de divagações do Ítalo Calvino (minha escolha)? José Lins do Rego?

Perdido na livraria como num labirinto. Não há Dedalus que me salve. Na verdade, o tal do Dedalus vem prendendo minha capacidade literária por um bom tempo. Mas não o mitológico, o do Joyce, mesmo. Não fosse o Huxley provar o mescalin, e contar como foi, eu poderia estar mais preso ainda ao irlandês. Impressionante como me fascina e me acrescenta, ao mesmo tempo que me estagna.

Outra coisa que me diz (na verdade, grita) que estou vagando sem rumo muito definido é o som que escuto. Não, não estou descambando como a juventude de hoje. Comigo é assim: metal e róquenrou quando estou animado, samba e batuques quando estou na boa, e blues e jazz quando estou tonto. Só que desta vez o blues veio mais por acaso. Resolvi, depois de um tempo, procurar o CD de inéditas de Jimi Hendrix e acabei baixando 28 arquivos de 100 MB cada de uma coletânea de jams do mestre com outros monstros. Claro que é só som da mais alta qualidade possível. Só que é blues. Tem aquele ar, aquele cheiro, aquela cor.

Enfim, pra três meses sem escrever, taí alguma coisa. Aproveitando esse espaço que temos por aqui, dou uma arriscada em voltar. Aliás, daqui a alguns dias, esse "espaço" faz um ano. Tá, não estamos no ritmo (nem perto) que inauguramos o SMDM, mas cá estou, aproveitando que ele existe! Tipo um bater de palmas numa casa que os donos meio que abandonaram e foram viajar.

domingo, 13 de junho de 2010

Já São Oito Horas?

Adoro manhãs frias, por mais masoquista e psicopata que isso pareça. Adoro mais ainda sair cedo e ter bastante tempo para andar e tomar café pelo centro de Curitiba. Cada lugarzinho estranho e diferente que vou me dá um ânimo para o dia/semana/mês/semestre que vem chegando.

Sete e meia e já estou na rua XV, pra variar um pouco. Costume de ir até a Osório e andar o calçadão inteiro. Sempre vemos uns figuras, umas lojas novas abrindo, aqueles bares colocando as cadeiras para fora na Boca Maldita. E aquela brisa congelante na cara, ininterruptamente durante a caminhada, seja indo ou voltando.

Tomar um espresso hoje? Melhor não, dar uma variada. Vou naquela pastelaria que meu irmão me recomendou outro dia. Lembrei! Já fui lá outra manhã! Pastel, risólis e copo (daqueles de cerveja, pequenos) de café. É, vou lá repetir a dose.

E não é que no caminho sinto uma coisa estranha. Nem senti, percebi mesmo. A velocidade do meu caminhar. Engraçado, bem mais rápido do que o costume. Na verdade, pode ser o caso de eu estar assim faz um tempo já. É, já mencionaram (se bem que quem mencionou, também, tem umas pernas curtas... Deixa pra lá). Parece até que esse semestre último tenha apertado um pouco mais meu passo.

Mais compromissos, mais responsa, menos disponibilidade pra encaixar tudo. Some a isso organização meio falha e temos um garoto apressado.

Conseqüência: não noto as pequenas coisas que chamavam minha "distraída" atenção; chego mais rápido à pastelaria; como mais rápido. Tá, comer rápido é meio que um hábito meu.

Opa! Comer rápido, agora andar rápido...

O que será que vem em seguida?

terça-feira, 20 de abril de 2010

Sem Título

Primeiramente, gostaria de pedir desculpas pela ausência do Blog e pela falta de atualizações por aqui. Muitas coisas acontecendo ultimamente na vida de todos nós. Porém, aí vai um suspiro de criatividade, talvez mais um desabafo do que o resto.

Muitos buscam o Céu, ou Asgard, ou qualquer Paraíso que se preze. A perfeição, a beleza divina, o sossego da eternidade. Outros, não tantos, buscam o Inferno. Seus prazeres, suas feiúra, seu sofrimento eterno. Um punhado de gente também "busca" o Nirvana, ou o um com o Universo. O movimento que é estar parado. O vazio que possui forma e conteúdo. Esse estado de conjunção com o "divino", o eterno, a substância da verdade. Posso dizer que, após aprender um pouco de cada, minha inclinação é maior para o lado do nada, do vazio, da última opção. Os conceitos da chamada "Filosofia Perene" são quase que perfeitos para minhas idéias.

Ultimamente, tenho estado numa condição que, julgo, me aproximou desse lado mais celestial, digamos. Porém, noto que não é exatamente a negação de tudo que eu buscava. O vazio que descobri tomar conta de mim é um vazio mais cheio, mais opressor. Uma força que não me permite sair, uma solidão estranhamente conhecida. Ela me aprisiona, me enclausura, me algema em mim mesmo e no conhecido. Tentar negá-la é um exercício absurdamente esgotante. A clausura, a porta fechada com a qual me defronto é imponente demais, familiar demais, cativante demais.

Outra coisa nisso que me surpreendeu, o calor que sinto. Não de aconchego, de paz, de proximidade com o eterno, mas sim um fogo que parece me consumir sem saída. Já senti isso, levemente, em outras ocasiões. Não tão intensamente como agora. O calor é, não explosivo, mas implosivo. Ao invés de me expurgar e me libertar, me suga, me agoniza, me tranca. Ele me força a me confrontar, a me fazer sentir, viver. E faz isso me puxando para dentro de mim mesmo, me fazendo pertencer a esse mundo como eu nunca havia pertencido antes.

Não há saída, não tenho rota de fuga. Preciso encarar o abismo. Olhar a Medusa nos fundos de seus olhos. Tentar afugentar o medo, o monstro, o abismo. Porém, sinto que já posso antecipar que vou tornar-me um, como já dizia Nietszche. A vontade de me tornar um buraco negro faz necessário que eu flerte com o buraco branco. Não para gostá-lo, apenas para entendê-lo. Somente após essa compreensão é que posso aspirar o vazio novamente.

Não me orgulho de dizer tudo isso. Porém, essa fraqueza que admito não me faz nada mais que um homem, um ser vivo consciente, tristemente ciente, de sua vida, de sua vivacidade. Porém, sobre tudo isso ainda paira um estranhamento recorrente. O desconforto que toma conta é sobrepujante à vividez. E o pior de tudo é não ver a tal luz no fim do túnel. É o buraco branco que me cega.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Lavrar De Um Ideal

Como constumamos dizer: o comunismo só daria certo em comunidades pequenas. Imagine o comunismo extremado, quando chega em seu ápice e torna-se a anarquia completa, visto que os cidadãos já têm aquela consciência de bem-comum, de extrapatrimonialidade, de um ideal maior, e assim, não precisam mais de instituições para governar seu Estado, podendo se auto-governar. Então, eles decidem tudo a partir de decisões democráticas, o monocratismo é visto como algo impensável. Pois é , os direitos humanos reinam, não há estratificação da sociedade, nem divisão da propriedade, o que é de um, é de todos, o trabalho é dividido segundo as qualificações, mas todos recebem os frutos. Cada um desempenhando sua função, no exercício de seu dom para que se possa atingir um patamar maior- o bem de todos e a felicidade geral da nação.

Pois é, e acontece que esses ideias da famosa frase de Dom Pedro I foram encontrados por Dom Pedro II em uma de suas viagens por motivos médicos para a Itália, em meio às idéias de um famoso colunista: Giovani Rossi. Ele então é chamado pelo imperador ,traumatizado com a experiência colonizadora de imigrantes russo-alemães (que passaram fome e foram sustentados pelo governo durante dois meses, além de depois terem suas passagens compradas para voltarem a terra natal), para efetivar sua teoria. Como o Brasil queria parecer mais atrativo do que os Estados Unidos ou do que a Argentina, achou atrativa a idéia de colocar em prática uma idéia tão disseminada na Itália. Então, Rossi ganha um vasto espaço de terra,no Paraná , para por sua experiência anarquista em prática. Ele junta 150 agricultores que concordam com a experiência de por em prática seu plano, e juntos, chegam aqui em meados da década de 80 do século XIX.

No entanto, ao plantar milho, perceberam que o dinheiro se esvaia enquando a colheita não chegava. Foi então que ajudaram a construir mais de 10 mil km de estrada! Além disso, com uma nova lei, as suas dívidas foram transferidas para o estado do Paraná, que estabeleceu um preço para o montante de débito: o valor da propriedade em que estavam. Foi então que precisaram se preocupar com questões materiais, produzindo e vendendo para cobrir a dívida. Mas o cara responsável por vender a colheita (metade argentino, tinha que ser, hehe, sem preconceitos, claro) sumiu. Isso fez com que a desconfiança surgisse entre os colonos anarquistas. E, sem confiança, não existe um regime sem o poder Estatal e suas instituições. Entregaram a terra e foram dividindo-se entre as novas cidadezinhas satélites, cada vez mais modernas

Realmente é uma pena que algo tão pequeno como o egoísmo pudesse aniquilar com o sonho de tantos italianos. Na verdade, a falta de necessidade de um controle rígido dos homens, um comportamento disseminado em uma sociedade não estratificada que visasse o bem-comum, um governo de todos, a falta de intrigas por propriedade privada, a evidência geral dos indivíduos, tudo isso constitui um sonho muito bonito, não só dos italianos, mas de muitas pessoas do mundo inteiro. Penso que o anarquismo é impraticável em grandes conglomerados, pois perderíamos aqueles laços de proximidade tão necessários para se tomar decisões justas por todos e para todos. O exemplo da Colonia Cecilia aqui mesmo no nosso estado, é algo comovente. Mas como já pregava o Alexander Supertramp, não tem como fugirmos da lógica atuante vivendo nesse meio atuante: a própria civilização. Assim, para que possamos viver de modo diferente, sem nos submetermos aos valores atuantes, precisamos nos afastar deles.

Não que o anarquismo não tenha vingado na Colônia, mas encontrou barreiras emocionais e físicas, afetando a legitimidade do regime entre a população, além de uma de suas bases fundamentais: o preceito de confiança de um para com o outro, para que todos trabalhem para o bem-comum conjuntamente, sem nenhuma exceção. É um fato triste, poderia ter se desenvolvido bem mais. Não nego que nao tenha havido divisão social dentro da colônia, mas apenas que ela amenizou e muito essa conseqüência nefasta do Modo de Produção Capitalista. Fica aí o exemplo. Resta-nos aprendermos com o passado para que possamos mudar o futuro.

domingo, 11 de abril de 2010

Um Pouco de Bom-senso Não Faz Mal a Ninguém

Uma coisa é ideologia, outra coisa é bom-senso. Simples assim. Agora, na faculdade de Direito da federal, com todas as suas segregações partidárias, isso fica mais que evidente. O que eu acabo constatando é que tem gente que não consegue separar ideologia de bom-senso.

Por favor, não entremos num caráter ontológico, deontológico, teleológico marxista do conceito de ideologia - viram só? Mal entrei na faculdade e já aprendi a “falar difícil” -, mas sim no conceito geral, genérico, aqueles que todos conhecem de ideologia, principalmente a sua faceta política. Mas voltando à diferença entre bom-senso e essa coisa chamada ideologia, primeiro constatamos alguns fatos. Tem gente passando fome nas ruas, isso é um fato. Isso tem que mudar, isso é bom-senso. Como mudar é que entra no caráter ideológico. Você pode querer fazer a revolução do proletariado ou deixar a coisa rolar já que o mercado é auto-regulável, vai das suas crenças, escolhas, etc.

É normalmente na falta de distinção entre esses dois verbetes que se pautam os maiores quebra-paus da política. É por isso que existe a diferenciação entre esquerda e direita, por exemplo. Mas às vezes a ideologia se torna tão grande e tão imponente e coercitiva que o bom-senso acaba sendo deixado de lado para que as rixas se sobreponham, e esse é uma das maiores causas da “politicagem”.

Não digo que escolher tomar uma posição e carregar uma bandeira – seja ela partidária ou quem sabe uma corrente teórica - seja imprudente ou coisa do gênero. Não. Aliás, sem os radicais não teríamos os meio-termos que, de acordo com um barbudo grego muito louco, o Aristóteles, é onde reside a virtude, entre os extremos – e obviamente que isso também é ideologia. Mas enfim, às vezes devemos repensar nossas atitudes e começar a criticar nossas críticas pra ver se não estamos caindo nesse ciclo vicioso que me lembra as brigas da 5ª série “bobo é você”. Acho que adderir a isso não é nada mais que bom-senso.