domingo, 6 de setembro de 2009

Entre Guitarras e Pandeiros

Foi assim que se formou o nosso Rock Nacional. De um lado a influência das 6 cordas do Rock britânico-estadunidense com nomes como Led Zeppelin, Rolling Stones, Pink Floyd, Jimi Hendrix, Elvis – e toda sua geração Rockabilly –, Ramones, Sex Pistols, Clash, Joy Division, etc. Do outro, as nossas raízes no Samba, na Bossa Nova, na música Latina e no Reggae, além é claro do fato de ele ter tido seu auge na luta contra os militares, um período de efervescência cultural e esperança de um novo futuro após a ditadura.

Nossas influências são amplas bem como o nosso povo e nossas origens. Gosto de dizer que o nosso Rock tem cara de Brasil, justamente por não ter cara alguma. Tem a identidade de não ter identidade. Não ter só uma vertente, ter várias delas. Ele tem uma ginga única, um ritmo que só os brasileiros com seu “jeitinho” sabem fazer. Uma pegada punk-ska-reggae-blues que só se vê por aqui. Temos compositores geniais – e muitas vezes menosprezados por não fazerem MPB, Samba ou algo do gênero – como Renato Russo e Cazuza.

Aliás, as respectivas bandas desses dois integram o chamado “quadrado mágico” desse estilo. A Legião Urbana – dignos representantes da capital federal, faziam milagres com 3 acordes como um dos nossos grandes hinos (Que País É Este?) e um dos maiores, literalmente, épicos da nossa música (Faroeste Caboclo) –, O Barão Vermelho – filhos do Circo Voador Carioca e que mesmo depois de perder seu líder, Cazuza, mantiveram o nível com o Frejat assumindo os vocais –, Os Titãs – os “bichos escrotos” da capital paulista, letras de cunho político-social de alto nível graças à visão única do Arnaldo Antunes, riffs simples e genialmente esculpidos por Bellotto e Fromer, além do fato intrigante de não terem um vocalista, mas sim cinco; uma zona que só com eles funcinou – e Os Paralamas – talvez os mais dignos representantes de um rock verdadeiramente brasileiro com evidentes influências da música latina, como o uso de metais, e do Reggae com suas levadas de Ska.

E não para por aí! Essa é a nata, mas ainda temos a irreverência da Blitz, o sucesso do RPM, a sátira do Ultraje A Rigor, o Punk da Plebe Rude, além de alicereces como Mutantes e Raul Seixas que tornaram isso tudo possível. Pois é, o que não temos de políticos honestos, temos de músicos decentes. Até que pra quem não acredita em “Rock Nacional” estamos muito bem, não acham?

2 comentários:

  1. Ainda bem que nossas raízes musicais, mesmo que inspiradas em outros estilos, são únicas e maravilhosas.
    Já, hoje em dia, "excelentes bandas" como NX Zero e Fresno, duplas sertanejas, funk e pagode sexual acabam com a reputação de nossos grandes músicos, e pior que isso, fazem sucesso nas grandes massas populacionais brasileiras...
    Vergonha? Um pouco
    O que espero para o futuro? Prefiro não pensar nisso... Sinto até medo

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  2. Vale dizer, também, que nossa terra lançou influências internacionais mundo afora: os já citados Mutantes, o antigo Sepultura, os podres Ratos de Porão (sim, eles), etc.

    E outra coisa linda de nossa música é a mistura constante presente de maneira tão interessante em bandas como Nação Zumbi e Mundo Livre S/A (graças ao grande Chico Science), entre outros.

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