“Death Note” - Tsugumi Ohba
Cá está algo inédito no blog: uma dica de mangá. Pessoalmente, adoro mangás, são tão divertidos, ensinam nobres lições e tudo mais. Mas podem meio bobos, e se misturados com a mentalidade atuante, um tanto quanto alienantes. Não deixam de ser um passatempo, e se bem escolhidos, um passatempo muito instrutivo. Como arte, a técnica empregada faz os personagens serem inseridos em um mundo japonês único, característico, com traços marcantes e realísticos. Por ser manual e trabalhoso, os desenhistas dão muito valor aos detalhes, sem contar que trazem muito da cultura japonesa, não a já tão manjada pelo ocidente, mas aquela que nem todos podem experimentar, o dia-a-dia, a lógica do país, as manias de cada um dos pensonagens tipificados, a rotina de uma família, a diferença da linguagem e do tratamento utilizados em cada situação.
Vim aqui especialmente para indicar "o" mangá, aposto que muitos aqui já devem ter ouvido falar: Death Note. Com uma ácida crítica ao estereotipo feminino de olhos grandes e incomparável delicadeza, traz também em seu cerne uma questão extremamente polêmica: a pena de morte. Mas você acha que o japonês é ajustado o suficiente para falar sobre condutas puníveis com a morte da maneira convencional? Para isso, ele cria todo um mundo sobre Shinigamis (deuses da morte), deduções, traições, lógica, orgulho e mentira.
A história começa quando um desses Shinigamis (criaturas invisíveis aos humanos) derruba seu Death note (caderno da morte) no Japão. Qualquer pessoa que tem o seu nome escrito nesse caderno, juntamente com a visualização do seu rosto, está fadada a morrer. Como esse Shinigami estava intediado, ele passa seu Death note para frente propositalmente. Raito, um estudante japonês, brilhante, filho de um dos chefões da INTERPOL, acaba achando o caderno, e assim, podendo ver o Shinigami. Aluno exemplar, porém entediado, ao descobrir os sinistros poderes do caderno negro, ele decide virar um justiceiro e varrer a criminalidade da face da Terra. E quanto mais criminosos ele mata, menos deles têm coragem de praticar crimes!!! Assim, o índice de criminalidade diminui.
No entanto, o fato da sua técnica ser eficaz, faz dela também legítima? É certo matar para que não matem? Usar um de exemplo, como fizeram com Maria Antonieta e o Luis XVI durante o regime do terror, ou Tiradentes na inconfidência mineira, é justo? O que aconteceu com a educação, a boa fé objetiva, a esperança? É certo julgar que um presidiário não possa cumprir penas alternativas? Aceitar a pena de morte, penso eu, é como voltar a Antiguidade e a sua reinante lei de talião. Se 95% dos crimes cometidos pela sociedade, em média, não são registrados nem geram conseqüências processuais, para que serve a pena de morte (considerando que seu objetivo maior seja meter medo pra que a criminalidade possa diminuir)?
Estão vendo?! Nem todos os animês e mangás são inúteis. Normalmente, as pessoas já chegam neles cheias de pré-conceitos, formados não por sua própria opinião, mas principalmente pelo que tanto ouvem por aí. Vale a pena dar uma conferida. Sei que muitos deles são uma furada, mas Samurai X, Death Note, Dragon Ball, e outros, têm muito a acrescentar, afinal, ninguém é tão ignorante que não tenha nada a ensinar, nem tão inteligente que não tenha nada a aprender.
sexta-feira, 12 de março de 2010
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Nossa senhora... Faz tipo, sei lá quanto tempo que não posto nada por aqui, ou mesmo no meu blog, mas depois de ler esse seu post, tive que vir comentar: adooooooro esse mangá... O anime tbm é bonzinho, mas o mangá é muito melhor... É muito mais sobre conflitos psicológicos, duelos mentais e as genialidades entre e de Kira - apelido do Raito que vc citou (que vem da palavra inglesa Killer, mas pronunciada em japonês tem o som de Kira) e L - o todo fodão e mais importante detetive do mundo inteiro... O fato da abordagem do tema Pena de Morte em um mangá como esse me surpreendeu, pq admito que sou um pouco como o alter ego de Raito, Kira, e seria um pouco psicopata se tivesse o poder de matar quem eu quisesse apenas escrevendo seu nome num caderno... A história é extremamente complexa e você se vê torcendo ora para L, ora para Raito, um com o objetivo de encontrar o oponente primeiro, para no caso de Kira matar L antes de ser descoberto e, no caso de L, prender Kira antes de ser morto. O Shinigami que você citou é meramente um ser entedidado com sua vida eterna e não ajuda nem um e nem outro, escolhendo ser um mero observador no jogo de Gato e rato que se desenvolve frente ao mundo todo. Uma história memorável que infelizmente é bem curtinha, mas você, Minia, está de parabéns por citar este mangá aqui. Sem dúvida é algo que merece um destaque muito maior do que realmente recebe.
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