quinta-feira, 18 de março de 2010

Conversas Frutíferas com o Jamil

Já perceberam que a gente vai marcando milhões de coisas para o decorrer de nossos dias? E todo esse agendamento depende só do horário, não nos preocupamos com os imprevistos, não deixando brechas entre as coisas! Até as agendas já são desenhadas para que nós pensemos assim, compromissos de meia em meia hora, um dia após o outro. Quanto teremos uma folga pra nós mesmos, uma pausa pro cafezinho? Depois da revolução Industrial, nos tornamos tão escravos do relógio, nada é feito com calma, porque caso seja assim, chegamos atrasados.

Devido a isso, há certos aspectos com que não costumamos contar, os chamados imprevistos, que na verdade deveriam sim ser vistos previamente. A saúde por exemplo: uma doença nos pega de suspresa sempre, e sem um bem-estar físico e psiquico, é impossível para nós cumprirmos todos esses compromissos. É como se a gente já contasse com o bem, como se ele fosse presumido. Na sociologia, essa é a Teoria do Bom Senso, onde a sociedade vive em prol de um interesses comuns, não sendo ela dividida em seu ideal, ela é estável. É como se, para que Max Weber e Durkhiem, clássicos da sociologia, a sociedade não está em conflito, assim eles puderam construir suas teorias em cima dessa planície. O mesmo acontece conosco, construímos nossas vidas em cima da teoria do bom-senso, como se aquela fosse predominantemente estável e presumível, o suficiente para podermos fazer planos. Mas ela não é, constantemente muda. Na verdade, a verdade muda a cada minuto

Daí vem a Teoria do Conflito Social de Marx. Ele construiu todo o seu mundo em cima de algo contraditório, que se movimenta, se opõe. A sociedade não tem o mesmo fito, existindo segmentos que , mesmo não se opondo, existem em dois polos opostos. Quem diz que não é marxista, ou que pelo menos, não concorda com parte da teoria de Marx,é um tanto hipócrita. Certos conceitos da história cíclica, da filosofia em movimento, de alienação, de luta de classes, de operariado, de divergentes opiniões entre os segmentos sociais, de mais-valia, de trabalho, etc. foram inventados ou, pelo menos, dotados de um sentido completamente novo por ele. Sua filosofia pode ser anacrônica, não ter muita aplicabilidade na íntegra hoje em dia, mas podemos usá-la por meio da analogia. Sua essência ainda é válida. Infelizmente, pois ter noção de que, por exemplo, alunos e professores, pais e filhos, pobres e ricos, estagiários e chefes,proprietário e trabalhadores e muitos outros, partilham da opinião marxista e sua dualidade, que as classes aqui encontram-se em oposição, cada um com interesses divergentes, é triste.

Por isso, nada melhor do que acreditar na Teoria do Bom Senso, ser romântico, achar que a sociedade vive em uma realidade estável e confiável (apesar de sabermos intimamente que isso não é verdade). Talvez nem precisamos nos libertar daquela teoria alienante, pensar no não tão óbvio e contar com tudo e todos... o que temos a perder?

Um comentário:

  1. Tanta salada de discussão, teorias e mais teorias que acabam no bom senso...
    só que esse bom senso, ah que bom seria se fosse padrão, se todos concordasse no que é bom senso...
    Tudo seria tão mais fácil

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