sábado, 6 de março de 2010

Os Não tão Mais de Esquerda?




Cheguei uma conclusão nessa semana ao ver José Mujica assumir a presidência do Uruguai: A idade vai acalmando o fervor ideológico. Quer melhor exemplo nacional que o nosso presidente Lula? Será que aquele Lula abertamente contra o pagamento da dívida externa, contra a ALCA, iria se eleger em 2002? José Mujica fazia parte do grupo Tupamaros, milícia que fazia frente à Ditadura Militar Uruguaia. Naquela época, como o MR-8 no Brasil e os Montoneros na Argentina, o grupo combatia o governo vigente por meio de atentados, roubos a banco, etc. Hoje, Mujica promove planos similares aos novos ícones políticos da América do Sul (Chávez, Evo Morales, Fernando Lugo), um plano que visa o equilíbrio das classes sociais do país. Um governo para os pobres, um populismo moderno.

Como amadureceu a idéia de revolução desse idoso agricultor que já foi Ministro da Agricultura, da Pecuária e da Pesca, além de deputado. Lula nunca pegou em armas para lutar contra a ditadura. Nessa época, ainda estava chegando a São Paulo para daí comparecer às greves dos metalúrgicos do ABC paulista e apanhar da polícia. Porém, não foi menos ideário de planos extremistas para melhorar o país, e como vimos, esse Lula mudou. Até o, hoje sereno, José Serra era presidente da UNE (União Nacional Estudantil) e fugiu da Ditadura de helicóptero, exilando-se na Bolívia. Agora é candidato do PSDB à presidência.

Agora, gostaria de enfocar uma questão que discutia com meus colegas: Dilma ganha ou não ganha? A reposta, mais do que óbvia, é depende. Qual imagem dela que prevalecerá: a mulher que é filha de um búlgaro comunista, que participou do POLOP (Política Operária), do COLINA (Comando de Libertação Nacional), que participou do assalto ao Banco da Lavoura de Sabará, do COLINA/VPR (futura Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares), que ainda traçou o plano do roubo à casa de praia do político Adhemar de Barros e depois foi presa em São Paulo, armada, e delatou o companheiro Natael Custódio Barbosa ao DOI-CODI?

Ou será vista como a Dilma que continuará a próspera política de Lula, a mulher que poderá ser a primeira a ser Presidente da República, a guerreira que venceu um câncer, a nova embaixatriz dos Direitos Humanos, a desbravadora do PAC, uma patriota, acima de tudo?

É claro que Dilma não é mais aquela guerrilheira extremista. Ela amadureceu, provou a responsabilidade de representar 190 milhões de brasileiros. Porém, qual a imagem que o povo brasileiro terá dela? Em outubro, saberemos...

3 comentários:

  1. Pois é, taí mais um exemplo do atuante relativismo,onde os meios de comunicação se mostram cada vez meios de formação de opinião em massa. Eu fico imaginando a VEJA, suas páginas amarelas e o seu poder de convencimento. O engraçado é que para ser ministra-chefe da casa civil, ela não precisa ter reputação ilibada (sim, porque os crimes que ela cometeu não são todos políticos, roubo é um crime comum, por exemplo, não sendo a Excelentíssima Ministra anistiada de todos os delitos de sua ficha criminal), mas para ser presidente do STF, isso se faz necessário.
    Resta saber se a população vai se mostrar possuidora de memória curta, esquecendo daquela Dilma esquerdinha, afoita por poder, revolucionária e militante; ou, com voce já falou, vai lembrar disso e fazer essa eleiçao tomar um rumo diferente.
    Eu concordo com o que o Allan sempre diz: nada mais conservador do que um liberal no poder...

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  2. Preciso deixar meu parecer sobre a Dilma. Acho que o fato de ela ter cometido crimes comuns, as condições em que eles ocorreram, na minha opinião, reitero, são relevantes. A Dilma não roubou pelo fato de roubar, de receber dinheiro, ela roubou pra financiar o armamento que ela usava na guerrilha contra a ditadura! Ou o Gabeira que não sequestrou o americano para trocar por dinheiro, mas sim pra trocar por outros presos políticos!

    Como eu sempre digo: O Lula deixou de ser o que era e sempre foi pra virar presidente. Enquanto ele era o sindicalista avesso a terno e gravata ele nunca ganhou a eleição, bastou virar o Lula que vemos hoje pra não só ser eleito como ser reeleito e ter várias chances de eleger seu sucessor.

    Basta a Dilma escolher entre seus ideais ou a vitória da eleição.

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  3. Divido opiniões com vocês dois...

    A reputação ilibada, realmente,é complicado pois, mesmo num estado de excessão que foi a Ditadura, atos que causem risco à população, risco a uma vida, devem ser repugnados.

    Agora, com o Allan, acho também relevante o fato dela ter sido contra sa ditadura e ter feito esses crimes não para benefício próprio, mas para financiar o movimento.
    Mas e o fato de delatar e causar a morte do companheirode luta Natael Custódio Barbosa? Aí fica explícito o limite da ideologia. O valor que é dado pela vida própria do que pela vida alheia, vida do povo que ela buscava libertar.

    Agora, na eleição, Dilma não terá que ter vontade própria, com certeza, ela sabe que seu fervor ideológico teve de ficar para trás. Mas há um candidato muito forte na disputa: José Serra. Imagine ainda se o vice for o Aécio Neves. Será muito mais propaganda que vontade própria. E quantos e quantos milhões irão para propaganda... Dava para construir, pelo menos, 15 escolas em cada estado do país.

    Primeiro vem o poder para mim, meu! Depois é do povo... no Brasil sempre tem dinheiro em caixa para torrar em champagnes francesas, graxa para os senadores, dentre outras besteiras superfaturadas.

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