sábado, 27 de fevereiro de 2010

Sistema Não tão Coerente de Signos

Essa semana eu tava vendo um filme que, por incrível que pareça, trouxe uma questão bastante válida: a linguagem como fator seletor de classes. A história é sobre uma vendedora de flores e um especialista em línguas, que se propõe a ensiná-la a linguagem culta, provando que isso pode mudar sua vida, trazer novas oportunidades a ela.

Ao mesmo tempo em que ela abre portas, a linguagem também exclui, como o Allan já falou aqui sobre o aparteísmo da língua: as ciências usam um jargão próprio, uma linguagem tão técnica que acaba sendo excludente. Para que você se comunique com alguém, não precisa só falar a mesma língua, mas também compartilhar uma mesma gama de significados que o outro.

Sem contar que não falamos a mesma língua. Cada um tem o seu jeito de falar, sua maneira peculiar de pronunciar as combinações de vogais e consoantes. Mesmo pessoas de um país ou, pelo menos, de uma determinada região não soam igualmente por não compartilhar dos mesmos símbolos cotidianos. Ninguém possui em si reunidas as mesmíssimas experiências e idéias que uma outra pessoa, assim cada um fala a sua língua. Se linguagem falada é aquela que proporciona a propagação da linguagem pensada para mais de uma pessoa, levando a informação de um indivíduo a outro, nunca vamos experienciar uma conversa franca: mesmo pessoalmente, com a tonalidade e o ritmo de uma fala, não captamos todos os pensamentos e intenções contidos na oração.

No entanto, mesmo sendo falho, falar pessoalmente é o modo mais eficaz de elevar a terceiros os nossos pensamentos. Não é horrível ter uma conversa importante através da escrita, sem a tonalidade e a sonoridade das palavras, mesmo que possamos nos expressar melhor, organizar mais as idéias no papel? O segundo, menos pior, talvez seja o telefone, você pode acompanhar o tom e o ritmo da pessoa, mas nada de sua expressão facial e corporal. Hoje, existem outros meios, satélites dos antigos, como o skype, o messenger... Pessoalmente, fico com o cara a cara.

2 comentários:

  1. As nossas "telereuniões" por msn, extremamente caóticas diga-se de passagem, estão aí pra provar, né? haha

    Mas eu ainda prefiro o meio escrito ao telefone, me sinto muito mal falando com uma pessoa que eu não vejo. Ou falo cara a cara, ou a cara alguma! haha

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  2. Durante minha segunda aula de Introdução ao Direito, na GV, esbarramos na dificuldade de conceituar o Direito pela razão desse traço elitista da linguagem acadêmica, além do juridiquês... As teorias divergem pois quando são de linguagem simples, são consideradas pouco profundas; quando complexas, abertas à segunda interpretação, réplica, tréplica... Logo, a definição clara e satisfeita é inviável...só concordamos ao definir Direito que são um conjunto de normas e pelo fato da coerção...O resto, meu amigo, haja tempo pra leitura e paciência para patinar no atoladouro jurídico.

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