terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O Aparteísmo Academicista

Não entendeu o título? Então, é justamente sobre essa língua que só os acadêmicos entendem que resolvi falar. Não sou contra o erudito nem contra a prolixidade – eu mesmo gosto de usar algumas “palavras difíceis” de vez em quando -, o que me irrita é o culto ao complicado. Não estou defendendo a morte do português bem-escrito também, só quero que o “português bem-escrito” seja compreensível.

É comum as pessoas acharem incrível quem tem um léxico um pouco mais avantajado, quem usa mesóclise, quem fala cujo, mesmo sem entender uma palavra sequer do que essas pessoas estão dizendo. E fica esse ciclo vicioso, um tentando ser mais incompreensível do que o outro, brigando por alguns aplausos. Isso me leva a outro ponto: o do egoísmo intelectual. As pessoas que tem um pouco mais de cultura não querem que as outras alcancem o mesmo nível delas. Elas se orgulham de se diferenciarem por isso! Quantas vezes você não ouviu “essas pessoas não merecem ler esse livro” ou algo do gênero? Isso é porque a pessoa que disse isso só tem esse conhecimento, que devia ser de todos, de notável e o defende como pode.

Eu mesmo sou vítima disso, não vou mentir. Tenho que lutar contra o meu preconceito quando ouço que uma pessoa totalmente inusitada assistiu a um filme super cabeça e disse que gostou e entendeu. Mas temos de lutar pela democratização, e não por uma aristocracia, da cultura e do conhecimento.

E é aí que volto para o tal do “aparteísmo academicista” do título. Os textos científicos, que teoricamente servem para a compreensão de como as coisas são, são normalmente confusos, cheios de concessivas e termos técnicos que são, muitas vezes, incompreensíveis. Essa infantilidade dos doutores e PhDs que me irrita. Essa coisa de “clube do bolinha” onde eles usam o “advoguês” ou o “economês” pra separar a plebe da nobreza intelectual. Uma coisa é protocolo, é decoro, é formalidade. Outra bem diferente é segregar o conhecimento. Viva à verdadeira democracia da cultura!

Um comentário:

  1. Muito interessante o seu texto. E é notável o preconceito q alguns acadêmicos e indivíduos q se julgam super inteligentes e superiores para com os outros estudantes. É incrível como muitos acadêmicos de medicina se acham melhores q tudos como se os outros fossem os incapazer de passar no curso, como se todos quisessem fazer medicina. Eu tenho um amigo q faz medicina e simplesmente acha deplorável muitos colegas dele e prefere andar com o pessoal de letras. Bem, eu já senti esse tipo de "aparteísmo academicista" muito pq eu pareço ter 14 anos XD.
    Enfim,adorei a sua considerção sobre o português(compreensível^^) bem escrito.

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