sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Omitir para Emitir

O silêncio dos mosteiros, o silêncio do culpado, o silêncio entre desconhecidos, o silêncio frente à uma pergunta, silêncio frente à uma resposta bem dada, o silêncio dos amantes, o silêncio dos ignorantes, o silêncio dos templos, o silêncio dos cemitérios, o silêncio em uma aula de alemão avançado (intensivo de férias), o silêncio de um filho grato, o silêncio do assumido, o silêncio dos orgulhosos. Pode ser convidativo, constrangedor, confortável, incômodo, calmo, agitado. Pode alterar o ambiente, deixar o ar mais gélido ou modorrento. Pode trazer luzes ou levar à loucura. O que um interpreta como aspereza, outro pode ver como conforto, respeito.

"Se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo." Assim já dizia Oscar Wilde sobre o silêncio, um mistério universal. Não penso em algo tão relativo quanto o próprio. As meias palavras, ou até mesmo as não ditas revelam muito mais do que um discurso bem explanado. Quer um bom exemplo? O que te faz pensar mais: um texto em prosa, um clássico soneto ou um haikai?

Até na China, com sua lógica berrante e diferente, utilizava-se o silêncio e umas gotinhas d'água para levar os torturados à beira da loucura. Ao mesmo tempo em que ele traz paz e tranquilidade, nos deixa sozinhos com os mais remotos fantasmas de nossas almas. O que antes era uma obrigação (éramos calados porque não haviam ainda modos de comunicação audíveis e lógicos) hoje é uma qualidade e tanto! Quem sabe ouvir muito e falar somente nas horas necessárias pratica o silêncio bem aplicado, já quem fala pelos cotovelos, fala o que não quer. Shakespeare falava mais ou menos isso: é melhor ser rei de seu silêncio do que escravo de suas palavras.

5 comentários:

  1. Minha lindinha, amada. Adoro ler o que vcs escrevem... No hábito criei a condição durante o texto, de imaginar quem vai assinar.
    Adorei o texto, realmente no silêncio nos comunicamos, nos aproximamos ou nos distanciamos. Quantas vezes pecamos por não termos nos calado a tempo. Vc é especial na minha vida. Bjos. Sonia (vamos ver se consigo postar)

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  2. Sinistro, hein. Muito bom mesmo. E que citação pra fechar.
    Sou teu fã, Mínia! hahaha

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  3. Adoro quando você escreve sobre esses temas abrangentes, mon coeur...
    Silêncio é algo, como você disse, que pode demonstrar muitas coisas num só ato...
    Aquele silêncio de covardia, ao invés de posicionar-se e enfrentar...
    Aquele silêncio de sabedoria, de acreditar na procura da resposta por si próprio...
    Tantas procuras por respostas que o simples silêncio, combinado com uma reflexâo, possibilita o êxito...

    Aquele silêncio com cara de bobo para a mulher amada...

    A cada ano que passa, acompanhando a maturidade, valorizamos mais o silêncio, tem horas que, por mais indignado que estamos, não há palavras...



    PS: de tanto a D.Sonia elogiar esse post, tive de ler, entâo, também vou elogiar para todo mundo.

    Teu fã,


    Pedro Felipe

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  4. A Hermínia pode ficar semanas sem divagar, mas quando ela vem com esses texttos é pra chutar o balde... haha

    Quase que coloquei a tag "poesia" porque isso, meus caros, é prosa poética...

    Somos teus fãs! haha

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  5. Didaa (:
    Desculpa, voce sempre fala pra eu ler o seu blog mas nunca lia. Agora to aqui e esse seu texto foi umas das coisas mais poéticas que ja li (burra) HAhaha
    SINCERAMENTE, VAI ESCREVE UM LIVRO GURIA!
    Nao, mas serio agora... foi muito bem colocadas as frases cara, mais uma fã :B
    Te amo muito
    beeejo Tati

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