"Laranja Mecânica" - Stanley Kubrick
O mesmo diretor que fez "O Iluminado" deu vida ao romance revolucionário de Anthony Burguess. Bem, é óbvio que o livro é sempre melhor do que o filme, justamente por dar mais margem para a interpretação de cada leitor. O filme já é um olhar sobre aquele livro, o que faz dele um tanto quanto restrito. Nem por isso a interpretação de Kubrick chega a ser explícita e mastigada: ela dá espaço para uma crítica absorção da trama. Taí porque o filme ficou tão bom!
O filme é de 71 (bem revolucionário para a época, quebra muitos tabus de hollywood),mas a história se passa em um futuro próximo, num mundo da ultraviolência, da pornografia liberada, da falta de regras e leis, da ausência de respeito para com os mais velhos e muito mais. Não chega a ser tão louco quanto o admirável mundo de Huxley, tendo até uma pitada de verossimilhança. O protagonista e seus "druguis" formaram uma gangue, e em meio aos estupros, saques, espancamentos e assaltos, misturam o inglês com o Nadsat, uma língua que mistura o inglês com o russo (outra parte genial do romance). Mas seus dias de farra acabam quando "lhe caiu os butiá do bolso", e o piazão é então preso.
Deposi disso que o filme começa a ficar intrigante: depois de dois anos cumprindo pena, oferecem a ele uma alternativa para sair mais rapidamente da prisão, um tratamento milagroso que o curaria de sua banditice. Mas como pau que nasce torto morre torto, o tratamento é uma furada, baseado em manipulação e falta de livre arbítrio. Para quem gosta de teorias da conspiração, histórias de governos autoritários que foram publicamente humilhados, manipulação e rebeldia, o filme é um prato cheio!
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
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Sou muito tradicional... Li o livro depois do filme, achei os dois bons. Porém, por um acaso acabei descobrindo que o último capítulo do livro, que justamente o deixa com um final otimista, foi suprimido nas edições estadunidenses.
ResponderExcluirKubrick preferiu deixá-lo de fora também da versão cinematográfica, o que deixou o autor insatisfeito e, ao divulgar o filme em turnê com Kubrick, bem mal-humorado.