quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Obviedades Não Tão Óbvias

Pra ser sincera, sempre achei ridículo aquele apelo hollywoodiano para finais felizes, comoção da platéia. Até hoje. Estava no cinema, programinha típico de curitibano que não sabe direito quais estações vão dar as caras no dia, então vai pra um lugar fechado e climatizado. Eu tava louca pra ver aquele filme sobre o Nelson Mandela, sabe, “Invictus”? Ainda mais por que era um drama. Não sei vocês lembram daquele post em que eu falei sobre as olimpíadas aqui no Brasil, xingando todo mundo, falando que o país mal tinha dinheiro pra educação e ia ficar investindo em infra-estrutura, etc. Tanto a minha opinião sobre finais felizes quanto sobre 2016 mudou depois daquele filme.

Parafraseando o Pedro, como humanos não podemos aceitar certas injustiças, como o racismo exposto no filme. Não é segredo pra ninguém que o Apartheid foi uma atrocidade moral, política e social. Situações como esta são pontos delicados a serem explorados emocionalmente, tanto que não vejo muitos filmes expondo polêmicas do tipo tão freqüentemente. É muito mais fácil agradar a todos com filmes sobre cachorrinhos, casais em crise que superam seus problemas, aquilo de sempre. Confesso que adoro muitos desses filmes, tanto eles não são inferiores por não serem politizados.

A epifania veio ao ver como Mandela utilizou o esporte para unir a população tão segregada, como o rugby foi usado de forma engenhosa para fazer o povo ter esperança. Não só os brancos conseguiram amenizar a herança política do apartheid, diminuindo os efeitos do racismo espalhado pela sociedade, quanto os negros tiveram uma bela lição sobre o perdão e a caridade. Não podemos ser ingênuos e acreditar que a Copa de Rugby de 95 foi a solução para todos os problemas da África do Sul, mas olhe, que isso pode ser utilizado como um grande exemplo de otimismo bem aplicado, pode.

Como é difícil esperar o bem das pessoas, ser crítico e hipócrita ao analisar terceiros é muito mais fácil! O otimismo às vezes é irritante, mas penso que se bem balanceado com o pessimismo, as coisas andariam bem : sem ingenuidades mas também sem ceticismos. Hipócritas todos somos, isso não podemos negar. Somos tão abertos para teorias políticas, religiões, todos somos irmãos nesse mundo supranacional, não existe mais inferioridade racial; mas, ao mesmo tempo, somo conservadores nas pautas morais (ninguém aceita de boa ver um cara correndo peladão na rua), no relacionamento com as pessoas mais próximas, na educação (nos submetemos às tradicionais provas, mesmo sabendo que nenhuma avaliação é justa). Eu mesma, estudo em uma faculdade federal sem concordar com a política do governo atuante.

Sim, sim,certas situações envolvem a questão do respeito além do conservadorismo. Mas é fato: a hipocrisia é profundamente cravada no dia-a-dia da sociedade. A questão é se existe um uso inocente dela ou não. Para aqueles que acreditam que sim, nada como uma visão otimista da vida, mas será que devemos relativizar algo tão exato como a descrição dessa incoerência comportamental? No entanto, é comum encontrar pessoas como eu que tendem a esperar o pior dos outros, desconfiar de tudo, o mais fácil a fazer, não me orgulho disso. Não que isso demonstre um senso crítico aguçado, afinal penso que é fácil ser crítico com tudo, mas difícil ser crítico com as coisas certas.

Um comentário:

  1. Estou divulgando meu novo blog
    www.gastronomiaefotografia.blogspot.com
    Se puder da uma passada lá!

    Atenciosamente
    Tati

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