terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

"Sim, Coroné!"

Brasil, anos do auge da política do café com leite, rodízio de presidentes da república, um mandato paulista, um mandato mineiro. Esses sustentados pelos grandes “Coronéis do campo” (alcunho dado na época colonial aos grandes proprietários de terra que organizavam seu pequeno exército, com financiamento da coroa, e aderiam à Guarda Nacional, uma milícia enrustida, já que o Exército brasileiro era pequeno) através do voto de cabresto. A Coroa se foi, veio a República, alguns Coronéis morreram, mas seus filhos herdaram o alcunho. Eram absolutos em suas terras, mandavam e desmandavam, falava-se com o “Hómi” até para se casar, pedir a benção, e se a mulher era bela, a primeira noite não pertencia mais ao noivo.

Foi com esses homens que as oligarquias paulista e mineira tiveram de negociar, mas custou certo preço o seu “apoio”: simplesmente deixar o governo estadual para os Coronéis. Em troca, todos os que trabalhavam na lavoura, no engenho, na ordenha, votavam, por ordem do Coronel, nos paulistas e mineiros. Para votar, bastava saber rubricar seu próprio nome. Os trabalhadores nem sabiam em quem, nem por que estavam votando.

Qualquer semelhança com a atualidade não é mera coincidência. Foi a permissividade dos antigos presidentes da república, que só visavam o poder, que tornou o Brasil ainda mais desigual. Aliás, basta olharmos para nosso estado, o que virou o Paraná, sendo que nosso governador arruma briga até com associação de moradores, faz urros e nada resolve contra os pedágios, tem seus parentes infestando os cargos públicos. Esse governo que passa por cima de uma sucessão de poderes para mandar e desmandar no Paraná, um estado governado por uma oligarquia mal preparada, com descaso e pouco conhecimento da desigualdade das regiões paranaenses. Isso que até pouco tempo, o Paraná fazia parte de São Paulo. Na eleição desse ano, vejo os candidatos e me vem um desânimo: Osmar Dias quebra o rodízio feito com Álvaro Dias (um ano um sai para governador, o outro para senador); Beto Richa não quer honrar sua totalidade do mandato na cidade de Curitiba, quer mandar mais, quer estar no cargo de Governador no ano da Copa; aí vem os que correm por fora: Orlando Pessuti, atual vice-governador; Rubens Bueno... E por aí vai.

O que me trouxe um pouco de alento foi a prisão do Arruda, pelo menos durante o Carnaval. Porém, foi a justiça federal que honrou, um pouco, sua função, a estadual nem quis mexer onde sabia que iria acabar em maus lençóis, ainda piores do que já estão. É por isso que sempre falamos da educação, ninguém pode mais suportar coronéis no poder, nós não somos bichos sem racionalidade, somos brasileiros que aturamos, espero que por pouco tempo, essa piada de mau gosto.

4 comentários:

  1. só uma aula de história pra explicar os atuais "políticos" que atuam no poder hoje em dia.

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  2. Realmente, só a educação para fazer com que esse país vá para frente. Com ela o povo vai parar de ser alienado e dar margem pras falcatruas da política. Nao penso ingenuamente que a política vai ser perfeita, mas cidadãos literalmente republicanos existirão para fazer com que os políticos cumpram seus deveres ao reunirem toda a soberania do povo.

    Sobre a história dos trabalhadores nem saberem em quem estavam votando, é verdade, e a gente nem pensa nessas consequencias do coronelismo, só em exemplos distantes. E pensar que ele ainda existe, mesmo que de forma distorcida, em sujeitos e suas frases como: "você sabe com quem está falando? "; "meu pai é dono de tudo isso aqui...", e assim vai. Que vergonhoso, não é?

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  3. Pois é, bicho, é muito simples dizer que o brasileiro é malandro e pronto... Além do mais, malandro não é pilantra, então políticos não têm muito desconto não...

    Minia, como disse no post, educação é insubsituível... e pelos "você sabe com que está falando?...é tão bom você nunca precisar disso, basta fazer as coisas certas e com humildade. E se for para se vangloriar, faça com méritos seus, não de parentes ou conhecidos.

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  4. Ah, os coroneis. Dá pra fazer um mapa Brasil Político mudando os nomes dos estados pelos nomes de seus coroneis... Sarney, de Mello, Magalhães e por aí vai...

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