Que a educação é a solução milagrosa para boa parte dos problemas do país, todo mundo sabe. Vocês devem até estar cansados de tanto que somos taxativos quanto a isso aqui no blog, que a educação vai dar um fim na alienação do povo, que ele vai poder cobrar se sabe os seus direitos, que vai ter mais oportunidades em sua vida profissional e pessoal. A questão em voga é essencialmente básica e, no entanto, não muito discutida: como melhorar a educação, propagá-la mais? E o pior, como fazer isso com as ferramentas que temos em mãos?
Pra início de conversa, quem deveria ser bem instruído eram os professores. Eles são a base de tudo, a pedra de esquina desse novo país a ser construído. Quem disse que o aluno que faz a instituição nunca teve professores ruins. Em um certo estágio da nossa educação, um professor é fundamental sim! Nem todas as crianças têm pais presentes que cobram do colégio um bom corpo docente ou supram a falta de um, através da ajuda em casa. O negócio precisa começar por cima. Olhem um exemplo prático: sempre odiei francês, e não era uma má aluna. Mas o meu aprendizado só realmente começou a acender quando peguei uma professora nova, dinâmica, prática. A gente se empolga com o negócio, por mais que ele seja chato.
Sem contar que os professores aqui são muito mal pagos! A carreira docente aqui é completamente desvalorizada, as horas-aula têm preço de banana. A única vez em que eu vi um professor bem pago foi no cursinho, e isso porque existe toda uma competitividade muito bem acentuada entre eles, por isso a disputa por bons professores, cada um pagando o seu bem para que ele permaneça na instituição e faça o seu trabalho. Quem já viu professores de faculdade, por exemplo, que não fazem mais nada a não ser dedicar o seu tempo para o ensino de seus alunos, sem um emprego paralelo, ou pelo menos, se dando bem na vida só com isso, por favor, atire a primeira pedra.
Com professores bem pagos, bem-treinados, as vagas para o corpo docente tanto do ensino público quanto do ensino particular seriam muito disputadas, e segundo a lei da livre-concorrência, isso exigiria melhor preparo dos candidatos. A dominância do conteúdo e de boas técnicas de ensino seriam uma exigência mínima. Assim, eles poderiam incentivar os seus alunos, conscientizá-los da importância do ensino e de ter ciência do mundo ao seu redor. Esses dias eu vi um livro na prateleira de uma livraria: “Brasil, e eu com isso?”. Frases como esta que dão margem para um panorama político vergonhoso como o nosso existir. Aposto que esse livro fala da alienação do povo! Óbvio, bons professores não são o suficiente. Acesso a bibliotecas, a métodos de ensino alternativos, e o principal VAGAS PARA TODOS, poderiam sim fazer das gerações futuras um passaporte pra um Brasil melhor. Aliás, um governo que pensasse mais no bem-comum, com propostas mais bem-fundadas, que se preocupasse menos com rixas interpartidárias, com o que um fez e o que o outro deixou de fazer, seria já sinal de um Brasil melhor.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
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O centro do problema de uma reforma educacional está na demora do resultado, mon coeur...
ResponderExcluirO trabalho para haver uma melhor preparaçao do corpo docente, uma reformulação da grade curricular, obras de infraestrutura nas escolas, tudo isso demanda tempo...
E que político que quer investir em algo que não trará louros em menos de 5 anos? É mais lucrativo (tratando de voto) a construção de um hospital, de uma termelétrica, de um açude...e por aí vai...
Políticas imediatistas e pouca coragem de enfrentar um governo que realmente faça o necessário resumem a política e o político atual.
Concordo com o Pedro Felipe! E digo mais: pra que criar uma população que "pensa"? Pra que essa mesma população possa se voltar contra mim e me tirar do governo? Pra que eles exijam com unhas e dentes um país melhor? Com melhor saúde e condições de moradia? Criar massa pensante não é pra qualquer país não. Ah, e eu sou professora.
ResponderExcluirSim, mas se a gente só pensar assim, não chegaremos a uma solução lógica. Educação é a base do país. Se ela fosse melhor e mais divulgada(porque no interior vê-se a educação como algo desnecessário logo que se aprende a ler) geraria SIM um eleitorado mais exigente, seria SIM um investimento de longo prazo. Não podemos ser ingênuos e pensarmos que todo mundo é bem-intencionado em seus respectivos governos. Mas, ao mesmo tempo, se todos fossem monstruosamente egoístas e pensassem somente em investimentos a curto prazo, e no embrutecimento da população para que não haja concorrência nem mesmo reclamações do governo atuante, o Brasil seria MUITO pior do que está hoje. Não vivemos em um país tão horrível assim, e as pessoas não são tão nefastas e mal-intencionadas. Penso que existe um meio-termo, e que a sem vergonhice não é de todo pregada pelos administradores, caso contrário estaríamos ferrados, dependemos muito deles para que parte de nossas vidas funcionem. Por isso, penso que eles, assim como a gente, sabem sim da importância da educação, apesar de não colocarem em prática aquilo que na teoria seria o melhor. No entanto, não abandonam-na no seu todo, investindo lentamente nela, não fazendo dela a prioridade máxima de seu mantato. Se a gente exigisse mais, talvez, nos manifestássemos mais, cobrásemos mais, algo mudaria, mesmo que o sistema tenha sido montado para que a nossa vontade não seja aplicada, pelo menos é melhor agir do que só assistir.
ResponderExcluirps.: por causa disso, e coisas a mais, também quero ser professora. Admiro muito o seu trabalho, aline.