quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Está Embaixo dos Nossos Narizes

Que a educação é a solução milagrosa para boa parte dos problemas do país, todo mundo sabe. Vocês devem até estar cansados de tanto que somos taxativos quanto a isso aqui no blog, que a educação vai dar um fim na alienação do povo, que ele vai poder cobrar se sabe os seus direitos, que vai ter mais oportunidades em sua vida profissional e pessoal. A questão em voga é essencialmente básica e, no entanto, não muito discutida: como melhorar a educação, propagá-la mais? E o pior, como fazer isso com as ferramentas que temos em mãos?

Pra início de conversa, quem deveria ser bem instruído eram os professores. Eles são a base de tudo, a pedra de esquina desse novo país a ser construído. Quem disse que o aluno que faz a instituição nunca teve professores ruins. Em um certo estágio da nossa educação, um professor é fundamental sim! Nem todas as crianças têm pais presentes que cobram do colégio um bom corpo docente ou supram a falta de um, através da ajuda em casa. O negócio precisa começar por cima. Olhem um exemplo prático: sempre odiei francês, e não era uma má aluna. Mas o meu aprendizado só realmente começou a acender quando peguei uma professora nova, dinâmica, prática. A gente se empolga com o negócio, por mais que ele seja chato.

Sem contar que os professores aqui são muito mal pagos! A carreira docente aqui é completamente desvalorizada, as horas-aula têm preço de banana. A única vez em que eu vi um professor bem pago foi no cursinho, e isso porque existe toda uma competitividade muito bem acentuada entre eles, por isso a disputa por bons professores, cada um pagando o seu bem para que ele permaneça na instituição e faça o seu trabalho. Quem já viu professores de faculdade, por exemplo, que não fazem mais nada a não ser dedicar o seu tempo para o ensino de seus alunos, sem um emprego paralelo, ou pelo menos, se dando bem na vida só com isso, por favor, atire a primeira pedra.

Com professores bem pagos, bem-treinados, as vagas para o corpo docente tanto do ensino público quanto do ensino particular seriam muito disputadas, e segundo a lei da livre-concorrência, isso exigiria melhor preparo dos candidatos. A dominância do conteúdo e de boas técnicas de ensino seriam uma exigência mínima. Assim, eles poderiam incentivar os seus alunos, conscientizá-los da importância do ensino e de ter ciência do mundo ao seu redor. Esses dias eu vi um livro na prateleira de uma livraria: “Brasil, e eu com isso?”. Frases como esta que dão margem para um panorama político vergonhoso como o nosso existir. Aposto que esse livro fala da alienação do povo! Óbvio, bons professores não são o suficiente. Acesso a bibliotecas, a métodos de ensino alternativos, e o principal VAGAS PARA TODOS, poderiam sim fazer das gerações futuras um passaporte pra um Brasil melhor. Aliás, um governo que pensasse mais no bem-comum, com propostas mais bem-fundadas, que se preocupasse menos com rixas interpartidárias, com o que um fez e o que o outro deixou de fazer, seria já sinal de um Brasil melhor.

3 comentários:

  1. O centro do problema de uma reforma educacional está na demora do resultado, mon coeur...
    O trabalho para haver uma melhor preparaçao do corpo docente, uma reformulação da grade curricular, obras de infraestrutura nas escolas, tudo isso demanda tempo...

    E que político que quer investir em algo que não trará louros em menos de 5 anos? É mais lucrativo (tratando de voto) a construção de um hospital, de uma termelétrica, de um açude...e por aí vai...
    Políticas imediatistas e pouca coragem de enfrentar um governo que realmente faça o necessário resumem a política e o político atual.

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  2. Concordo com o Pedro Felipe! E digo mais: pra que criar uma população que "pensa"? Pra que essa mesma população possa se voltar contra mim e me tirar do governo? Pra que eles exijam com unhas e dentes um país melhor? Com melhor saúde e condições de moradia? Criar massa pensante não é pra qualquer país não. Ah, e eu sou professora.

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  3. Sim, mas se a gente só pensar assim, não chegaremos a uma solução lógica. Educação é a base do país. Se ela fosse melhor e mais divulgada(porque no interior vê-se a educação como algo desnecessário logo que se aprende a ler) geraria SIM um eleitorado mais exigente, seria SIM um investimento de longo prazo. Não podemos ser ingênuos e pensarmos que todo mundo é bem-intencionado em seus respectivos governos. Mas, ao mesmo tempo, se todos fossem monstruosamente egoístas e pensassem somente em investimentos a curto prazo, e no embrutecimento da população para que não haja concorrência nem mesmo reclamações do governo atuante, o Brasil seria MUITO pior do que está hoje. Não vivemos em um país tão horrível assim, e as pessoas não são tão nefastas e mal-intencionadas. Penso que existe um meio-termo, e que a sem vergonhice não é de todo pregada pelos administradores, caso contrário estaríamos ferrados, dependemos muito deles para que parte de nossas vidas funcionem. Por isso, penso que eles, assim como a gente, sabem sim da importância da educação, apesar de não colocarem em prática aquilo que na teoria seria o melhor. No entanto, não abandonam-na no seu todo, investindo lentamente nela, não fazendo dela a prioridade máxima de seu mantato. Se a gente exigisse mais, talvez, nos manifestássemos mais, cobrásemos mais, algo mudaria, mesmo que o sistema tenha sido montado para que a nossa vontade não seja aplicada, pelo menos é melhor agir do que só assistir.

    ps.: por causa disso, e coisas a mais, também quero ser professora. Admiro muito o seu trabalho, aline.

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