quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A Voz num Bandeón

Depois do post do Hector Lavoe e do debate sobre a cultura do sul com nosso patrão Allan, resolvi continuar nessa linha antes de voltar para a velha cornetagem sobre a política nacional, nada melhor que despedir-me com chave de ouro. De Astor Piazzola, grande nome do Tango (não adiantaria eu colocar Carlos Gardel ou Gothan Project, pois acredito que vocês conhecem muito mais que eu), a canção "Adiós Nonino" (a mais famosa junto com "Libertango") é a que recomendo a vocês.

É nesse momento que tento deixar minha barba crescer e encarno o grande Jamil: O bandeón inicia a música com uma violência inexplicável, no contratempo com notas secas do violino. A razão é a tentativa de mostrar o momento de despedida de, penso eu, mãe e filho. O desespero da mãe, representado pelo início da música, quebra totalmente com um suspiro de saudade e de tentar colocar, naquele momento de despedida, tudo aquilo que foi vivido, tudo aquilo que só uma pessoa tão querida faz lembrar. A música, pelas notas, traduz uma mensagem que só pode ser associada ao carinho, ao amor. Intensifica-se a melodia, vêm as lágrimas, vem o desespero, o medo de perder um ao outro. Aproxima-se o momento da despedida, volta o desespero, a mistura de sentimentos, de saudade, de inconformação. Porém, para que se inconformar se já está na hora? Tivera eu vivido diferente, aproveitado mais, é tarde para lamentar-se. Fica a melodia alegre para o final, que é a verdadeira mensagem da mãe para o filho: onde quer que esteja, seja o tempo que for, sempre estarei contigo, te amando.

"Nonino"(avô em italiano) era como Piazzola chamava seu pai, a música é uma homenagem a ele, que tinha morrido recentemente. Astor considerava esse tango como o maior de todos. Essa música, não me faz lembrar de outra coisa se não da minha mãe. Ela, D. Sonia, que escuta "Adiós Nonino" sempre que está passando por algum momento difícil. É por me fazer tão bem escutando essa música que escrevo esse post. Para, quem sabe, vocês atribuírem a alguma pessoa querida, ou simplesmente relaxar.

2 comentários:

  1. Nunca dei muita atenção pro Tango, talvez nunca tenha sido cativado pelo Tango, pelo Acordeon, pelo Violino. Hoje, editando esse post e procurando os links pra por nas músicas eu percebi a grandiosidade desse estilo, a paixão com que as notas são emitidas, a tristeza, a euforia, tudo isso de maneira intensa. Ao ouvir as músicas minha mãe veio aqui pra ver o que que eu tava ouvindo, foi quando ela me mostrou um clássico do Tango, "Por una Cabeza", do Carlos Gardel (http://www.youtube.com/watch?v=ZgcqijaUxdg) e aí foi incrível de verdade. Hoje posso dizer que aprendi a apreciar um bom tango.

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  2. As melhores coisas não são percebidas de primeira, precisa de um certo tempo para que contemplemos a sua grandiosidade. Confesso que quando ouvi esse tango pela primeira vez não notei tudo isso. Foi preciso ouvir duas, três, quatro vezes pra sentir a mensagem. Em cada uma delas minha percebpção foi diferente, e foi possível notar cada vez mais detalhes. Tango sempre me intrigou, é IMPOSSIVEL tocar um e manter a mesmíssima mensagem do compositor. Acho um dos estilos mais flexíveis no tocante a mensagem: a essência fica, mas lhe é possivel acrescentar sua própria percepção da música. Legal ver tantas exibições no youtube desses tangos, é um estilo denso e complexo de ser apreciado, a mensagem é muito mais sutil do que uma letra.

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