sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Vestibular É Negócio Muito Perigoso

No começo,
Em tudo se acha graça.
Mas com o tempo,
Percebe-se a desgraça.

E então conhecemos Einstein
E a viagem que é a Física Moderna.
Quarks, Quantuns e neutrinos.
A mais organizada das badernas.

E ter de decorar os filos,
Organelas, tecidos, profilaxias e termos.
Saber de anfioxos, eritroblastose, eutrofização.
Tudo armado para nos perdermos.

Ter de calcular o PH
Das reações mais absurdas.
Nox, fenóis, elétrons e radiação
Estampados em provas sisudas.

Viajamos da Mesopotâmia
Aos causos dos dias atuais.
Compreendemos cada intriga
Mas logo não queremos saber mais.

Conhecemos diversos sujeitos
Recheados de adjetivos.
E vemos em cada frase
Um sentido subjetivo.

Não bastavam os números normais?
Já tem infinitos desses ordinários!
Mas os matemáticos, não satisfeitos,
Me inventam os “imaginários”.

E com o tempo vem a ansiedade.
E nossa mente se torna um aterro.
E aprendemos que rir é bom,
Mas que rir demais é desespero.

E tudo isso pra uma prova!
Por um banho da lama sagrada.
Por um urro de comemoração
Pela conquista da vaga disputada.

E poder contar pros seus filhos
O que passou naquele ano.
“Sofri, mas valeu a pena,
Disso eu não me engano”.

3 comentários:

  1. Nossa, fico eu cá pensando minha decepção caso eu não tivesse lido isso antes do vestibular! Fiquei um tanto, digamos, surpresa! Porque tudo que eu queria dizer, está aí. Tudo que estava engasgado e preso vc escreveu de uma maneira simples e sublime! Parabéns. E que venha a federal!

    ResponderExcluir
  2. Tudo armado para nos perdermos

    boa sacada! Mas é, a gente não tem lá conhecimento como cultura. Eu tive um grande problema no cursinho: comecei a esquecer palavras básicas, hahahaha, do tipo: " Mãe, me passa o... esse negócio branco, arenoso".Mas essa não foi verdade. Acho que a mais absurda foi esquecer como era o Ensino Médio, tenho um buraco na minha memória. AHAHAH SÉRIO, não lembro nem como eram as carteiras, só lembro das pessoas, mas nada de nomes.
    vai entender. Realmente, é CRUEL o que fazem com a gente no cursinho. É muita responsabilidade, e pouca maturidade. UM ANO faz muita diferença nessa idade, imagine dois! A maturidade que o aluno teria para escrever melhor, encarar o cursinho melhor, uns com mais responsabilidade, outros com menos severidade, mas principalmente: PODER ESCOLHER COM SEGURANÇA. Escolhi direito porque sempre quis direito. Mas vai me dizer que em sua cabeça terceironesca nunca bateu uma loucura e surgiu um lampejo de talvez-devesse-fazer-medicina.
    Mesmo não existindo avaliação justa, poderia ser menos pior! Abrir mais vagas nas faculdades públicas, melhorar não só o ensino público, como também o particular, incentivar mais o aluno. O que vivemos é uma educação sem educação!!! Se as crianças tivessem mais noção da importância do que elas tão encarando, que não é só pra prova que ela precisa saber aquilo, nossa, já seria um grande começo.
    Sem contar que a gente aprende muita coisa abstrata, o conhecimento se torna cada vez menos aplicável. O QUE ACONTECEU COM O CONHECIMENTO SENSÌVEL?? Sério, educação é a alavanca de uma nação, a juventude de hoje poderia ser mais consciente, aprender com o passado, ter base o suficiente para pensar em um futuro. A gente que teve sorte, oportunidade de estudar em um lugar bom, já nota as falhas da educação, imagine quem não tem tudo isso...

    ResponderExcluir
  3. Esse negócio que a Mínia mencionou do conhecimento não-aplicável realmente incomoda em todos os níveis educacionais. Desde uma criança imaginando para que diabos serve para ela saber as divisões dos reinos animal e vegetal até (exemplo meu) um wannabe engenheiro que não vê utilidade em aprender a calcular função beta fora usá-la para calcular a função gama (que, por sua vez...).

    Mas, minha opinião, vejo que esse conhecimento "amacia" nosso intelecto para coisas, digamos, aplicáveis.

    Outra coisa, saber, durante o terceirão (aos 17, 18 anos) o que queremos da vida é complicado. Eu dei sorte, pois não sabia o que me atraía mais (filo., eng.,...) e acabei num curso que me agradou muito. Agora, tem gente que perde alguns anos da vida num curso que, apesar de ensinar algo, não agrada a pessoa. Aí é complicado.

    Viva a reforma na educação!

    ResponderExcluir

Regras dos comentários para melhor organização do blog:

- Comente de acordo com o tema do post.
- Sem ofensas nos comentários.
- Manifestações (tanto a favor quanto contra) são bem vindas.
- Siga a regra da ABNT nos comentários. (Brincadeira =D)