domingo, 15 de novembro de 2009

Belas Divagações

"A Metafísica do Belo" - Arthur Schopenhauer

Ultimamente, tenho adquirido o hábito de exaltar um livro antes de chegar ao seu fim. Foi assim com Ulysses, do James Joyce (que, mesmo com um descomunal esforço, não aguentei chegar ao fim até hoje) e com Musashi, de Eiji Yoshikawa (que já havia lido antes, mas não me segurei e postei sobre ele enquanto estava no meio do volume 2 de 3), entre outros. Mas, desta vez, vou me perdoar e postar aqui sobre uma obra de um obscuro autor, apesar de extremamente influente sobre vários gênios, por exemplo Nietzche, Freud, Beckett e Machado: Arthur Schopenhauer.

Aqui, falo sobre o livro "A Metafísica do Belo", que na verdade é o conjunto de aulas ministradas sobre esse tema por ele para pouquíssimos ouvintes, já que naquele tempo ele não era nem um pouco bem visto pelos alemães por suas críticas veementes a autores conterrâneos influentes da época, como, por exemplo Fichte e Hegel (esse último foi colega professor de Schopenhauer na mesma universidade). Essas aulas faziam parte de sua obra maior, "O Mundo como Vontade e como Representação" (livro que também encostei enquanto estava no meio, por sua densidade), como um de seus capítulos.

Nessas preleções, Schopenhauer, notadamente conhecido como pessimista ("viver é sofrer"), aborda o tema da beleza, sendo esta advinda das artes e da contemplação desinteressada. Definindo o "belo" e o "sublime", o filósofo mostra seu lado esperançoso, democratizando a beleza e a qualidade de "gênio", também explicada por ele nessa obra. Não vou me deter em explicar suas definições detalhadamente, mas acho válido dizer que, conhecendo um pouco de suas convicções e explicações, nos surpreendemos com o otimismo prático que surge de seus escritos.

Recomendo esse livro, não muito fácil nem leve, por suas explanações interessantes sobre os diversos tipos de arte e beleza. Confesso que há partes em que não concordo com o autor, mas sou inclinado a aceitar muitas de suas afirmações, baseadas, na sua maioria, em críticas a Platão e Kant.

Última observação: a introdução na versão da editora Unesp possui uma introdução ótima, na qual o tradutor explica sucinta e claramente os conceitos e as bases mais importantes da obra schopenhauriana.

Um comentário:

  1. Aquela teoria pessimista aplicada: o otismo. Até me deu vontade de ler o moço que você tanto fala. Sim, porque eu acredito que quem escreve bem, assim como o Basílio, de Oscar Wilde, em "O Retrato de Dorian Grey", coloca muito de si na obra, e isso que faz dela algo tão belo: a sinceridade.

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