sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A Era do "Topo do Muro"

Muito se falou e teorizou sobre o século XX. Uma das mais famosas e prestigiadas figuras a ensaiar sobre o assunto foi Eric Hobsbawm, historiador marxista egípcio-britânico. Concordo com ele quando diz que a “Era dos extremos” acabou em 89, com a queda do muro de Berlim. Realmente, se podemos resumir toda a ideologia presente desde então até o momento essa palavra seria “relatividade”.

Einstein, célebre físico alemão, relativizou a física, hoje consideramos o espaço e o tempo – antes tidos como absolutos – deformáveis, este pode ser dilatado e aquele pode ser comprimido. Sartre, Camus, Merleau-Ponty, brilhantes filósofos franceses - mesmo sem terem sido os “inventores do existencialismo” -, relativizaram a filosofia, hoje não há mais verdade, mas sim perspectivas, pontos de vista. Lévi-Strauss, aclamado antropólogo francês, relativizou a antropologia, não existe mais “hierarquização de cultura”, eugenia, conceitos de raça, existe é diversidade. Anthony Giddens, grande sociólogo britânico, relativizou a política, não é mais plausível alguém defender a “ditadura do proletariado” bem como ser partidário do neoliberalismo chega a ser desmoralizante, o caminho agora é a Terceira Via. Enfim, hoje não se vê mais certezas, se vê possibilidades.

Foi-se o tempo do certo e errado, bem e mal, fim e começo. A relatividade é a única certeza que temos. E justamente essa ideologia de concessões que me faz perguntar: e essa visão não é somente UM ponto de vista? Se não existe mais verdade, quem disse que essa ideologia é A verdade? Talvez toda essa tolerância esteja alienando as pessoas cada vez mais. É impossível acontecer um novo “Maio de 68”, “Movimento Hippie”, “Primavera de Praga”, "Revolução dos Cravos" ou até mesmo um “Diretas Já”. Com a relatividade veio a morte do romantismo. Se isso é bom ou ruim, só o tempo irá nos dizer. Aliás, quer algo mais relativo do que um final de texto como esse?

Um comentário:

  1. Realmente, a relatividade nos impede de opor duas idéias e verificar seus pontos em comum. No entanto, ela não nos impede de adotarmos uma ideologia e lutarmos contra àquilo que não consideramos correto. Trazendo isso pro plano concreto, talvez pareça menos contraditório: se você odeia o Sarney, você vai nos protestos contra ele. Isso não significa a morte do relativismo, mas sim uma manifestação superlativa dele. Você luta contra aquilo que não o coloca em prática, percebe? Posições extremadas, radicais. Alias, essas sempre provocaram muito medo entre a população em geral, tanto que as nossas avós já diziam: Nem tanto ao céu, nem tanto à terra.
    Cá entre nós, ninguém consegue relativizar TUDO. Essa teoria, assim como o comunismo, não passa de uma TEORIA bonita. Sabemos que o que ela prega faz sentido, mas em prática se torna inviável, justamente pela falta de colaboração geral. Sem contar que isso vai totalmente contra o princípio da concorrência, da competitividade, tão intrínseco em nossa lógica capitalista, que nos é impossível pensar em mundo sem comparações. Mas eu tento praticar esse relativismo, não comparar, tratar tudo e todos com respeito, afinal, se as coisas não podem ser comparadas, elas são únicas, singulares, autoridades no que fazem por falta de opções. Percebe como ele se torna perigoso? Precisamos comparar algumas coisas. Daí a idéia de compararmos as coisas certas.
    Comparar ideologias, por exemplo, resulta sempre em conflito. Se o relativismo fosse aplicado, evitaria-se quase que a totalidade de guerras ideológicas. Isso sem falar na disputa por riquezas, superioridade racial, racismo, bulling. Mas isso fica apenas pra nossa vã imaginação....

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