terça-feira, 17 de novembro de 2009

Revolução Imposta

Muitos de vocês não devem ter visto, até porque eram poucos os cinemas que estavam exibindo o filme, mas quem viu "Che 2" sabe do drama que o comando revolucionário sofreu com a falta de apoio. Mesmo vivendo na miséria e sofrendo horrores, sem infra-estrutura física nem cultural, sem assistência médica nem voz alguma, a população da Bolívia resistia a revolução proposta pelos guerrilheiros.Claro, Ernesto Guevara sob a perspectiva de Steven Spilperg, nada mais paradoxal. Mas por incrível que pareça, a mensagem foi passada de maneira clara e sem rancores nacionalistas: não existe revolução sem educação, sem consciência, e principalmente, sem VONTADE.

O elemento volitivo se torna fundamental em um momento de ruptura com o passado. Sem ele, como poderia ser instituída uma nova ordem sem que o povo, e consequentemente o poder soberano dele emanado, validasse a mudança? Não seria algo autocrático e contraditório querer instituir um governo contra a vontade soberana do povo? As forças reais precisam validar o poder e suas leis, caso contrário, a carta magna só será um simples papel. Como já dizia Érico Veríssimo em "Olhai os Lírios do Campo": os lírios não crescem forçosamente, por leis, decretos. É necessário que a população queira crescer, tenha a vontade de mudar. O povo tem o direito de se auto determinar, não precisando se submeter àquilo que ele não consinta.

Trazendo toda essa teoria para o concreto, lembro-me de um artigo que li no início do ano sobre educação, intitulado "Precisamos de uma crise". Nele havia uma explícita crítica a falta de interesse por parte da população como um todo em melhorias no sistema educacional. Em um determinado exame, o Brasil foi o último colocado entre os 40 países avalidos no tocante a qualidade de ensino, e os pais ainda declaram-se satisfeitos com a educação ofertada aos seus filhos! Já na Alemanha, o resultado de 25º lugar gerou uma verdadeira crise interna. O ensino, assim como todos os outros setores do país, só mudará para a melhor, quanto a população parar de dar uma de surda, cega e muda, e agir com sapiência: aceitar os problemas, e ter vontade de melhorar. Fácil é reclamar, mesmo já sendo um passo dado. No entanto, outro muito mais largo seria tomar as rédias do movimento, estender as bandeiras da revolução e fazer algo para que a realidade mude.

3 comentários:

  1. Realmente, uma reforma educacional viria a calhar. Não são poucos os professores aqui da UTFPR (universidade pública, mas de qualidade) que reclamam bastante, principalmente da burocracia.

    Mas isso de que "precisamos de uma crise", acho demais. Campanhas do governo, mutirões para matricular as crianças nas escolas, isso sim, acho mais plausível.

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  2. O que o autor quis dizer seria uma mobilização frente a um resultado tão berrante, como aconteceu na Alemanha. O mais triste é ver que a população ignora esses problemas, muitos se dizem contentes com a situação. Outros não, é claro, cá estamos. Sinceramente, concordo com ele, precisamos nos conscientizar das falhas do Brasil, nos escandalizarmos com essas faltas, e não sermos indiferentes, mesmo que conscientes delas. Aquela história de tomar as dores dos outros, sabe? Nada de cada um com os seus problemas, a gente pode ajudar a resolver os problemas dos outros. Eu acho que podemos começar com isso assumindo certas causas, cobrando dos nossos políticos que ajam por nós, não criticando os protestos por exemplo. Quer algo mais berrante que isso?
    aiii aiii aiii, esses jovens idealistas hahah

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  3. Realmente, talvez o que precisamos é de uma crise, é de uma ditadura. A nossa geração é uma das primeiras a nascer em um país livre e democrático, há o perigo de nunca darmos valor pra tanta luta. As pessoas - e nisso eu me incluo - não sabem o que é não poder sair com os amigos por considerarem um ato subervisivo. A educação é a mesma coisa. Parece que o brasileiro só funciona com baques, choques, traumas...

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