terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Psicodelia, com Pitadas de Criatividade

O deserto da Califórnia é o palco perfeito para a criação de uma obra-prima do rock performático e teátrico. Juntando a paisagem vasta e deslumbrante com uma boa dose de psicotrópicos alucinógenos (leia-se LSD) temos uma viagem pela mente perturbada e criativa de um dos maiores poetas da música: Jim Morrison. Convido a todos a um passeio pela odisséia maior da grande banda The Doors, "The End".

A canção começa com a guitarra nos seduzindo e com a letra perturbadoramente e universalmente identificável, ou seja, qualquer pessoa consegue se enxergar em pelo menos um dos versos dessa poesia fantástica. Após o anúncio do fim de tudo e da necessidade de uma mão estranha numa terra estranha na primeira estrofe, somos hipnotizados pela levada leve de bateria acompanhada por um ritmo suave de teclado e eventuais choros da guitarra. E seguimos nesse ritmo que lembra, meio de longe, batidas indianas, durante a grande maioria da música, interrompendo esse balanço somente algumas viradas de bateria, acompanhando a letra e a proclamação dela pela voz magnífica de Morrison.

Chega um ponto de, literalmente, leitura de uma história, na qual uma criança expressa, para alguns, uma representação do complexo de Édipo, referência direta ao romance de Sófocles, para outros, uma alegoria ao fim da infância com o advento da liberdade. Enfim, interpretações são tantas que até o autor da letra diz que cada vez que ouvimos a canção, podemos interpretá-la de uma maneira diferente. Depois disso, somos carregados, sem perceber, quase, ao clímax da música, quando Jim nos chama para o fundo do "Blue Bus".

Aí, um turbilhão emocional entra em cena com uma ascensão de raiva na guitarra, um aumento no tempo do teclado e da bateria no fundo, junto com gritos do vocalista: "kill, kill, kill,...". Passada essa perturbação, entramos no verso inicial, novamente. Transcrevo aqui a estrofe final, com suas frases que, apesar de darem margem a uma múltipla interpretação, sempre me tocam quando as ouço: "This is the end/ Beautiful friend/ This is the end/ My only friend, the end/ It hurts to set you free/ But you'll never follow me/ The end of laughter and soft lies/ The end of nights we tried to die/ This is the end".

A canção é a última do primeiro álbum da banda. Álbum esse que contém, entre outras magníficas faixas, "Light My Fire", "Break on Through (To The Other Side)" e "Alabama Song (Whisky Bar)".

Outra coisa que gostaria de mencionar ainda nesse post, que não deixa de ter a ver com o grupo aqui homenageado, é que li uma matéria, na revista Galileu, de uma especialista (não lembro no que) que defende a legalização sem restrições do ácido lisérgico e outras drogas alucinógenas. Ela diz que cientistas e artistas se beneficiaram e podem se beneficiar ainda mais com o uso delas. Ela está realizando um estudo para provar isso. Lembrem-se que não há indícios de que alucinógenos viciem. Mas isso fica para outra conversa.

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