quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

As Cidades como Não as Ousamos Ver

"As Cidades Invisíveis" - Italo Calvino

Para quem viaja bastante, ou nunca teve essa oportunidade. Para quem tem imaginação fértil, ou quer ter. Para quem gosta de apreciar uma paisagem, ou para quem valoriza uma descrição exata das coisas, ou para quem vive na subjetividade. Esse livro, publicado em 1972, pelo autor ítalo-cubano, Calvino, é uma viagem profunda e, ao mesmo tempo, suave, que nos cativa a cada página.

O livro é como um caderno de viagem, no qual Marco Polo, mercante veneziano, descreve todos os lugares e cidades pelos quais passou, com uma mistura entre a exatidão matemática e geométrica e a magia dos símbolos das cidades e sua importância na existência humana. Entre essas maravilhosas imagens temos diálogos, não menos poéticos, entre Polo e o imperador mongol Kublai Khan. A princípio, Khan só pede para que o viajante sacie sua curiosidade a respeito de seu cada vez mais vasto império e suas peculiaridades que, por estar envelhecido e ocupado, o imperador não pode conhecer pessoalmente. Mas, com o decorrer dos dias, após vários encontros e conversas, percebemos uma evolução no tema das conversações, passando de meras descrições físicas para aspectos existenciais, de marcos turísticos e perfil de habitantes para profunda análise psicológica de quem uma vez passou por tal cidades.

As cidades invisíveis descritas por Polo, no livro, possuem apenas nomes femininos, e sua descrição não passa de duas, três páginas, no máximo. Porém, ao nos envolvermos na profundidade de aspectos e na gama de possíveis interpretações para cada detalhe, fica difícil querer ler o livro rapidamente, ao mesmo tempo que queremos conhecer toda a extensão do império de Kublai Khan. Recomendo fazer como eu, Hermínia e Aline fizemos e como diz a orelha da edição da Companhia das Letras, apreciar o livro não como um turista apressado, encucado com os horários dos trens e aviões, mas sim como um despreocupado viajante que se detém numa bela paisagem por horas e volta atrás para reexaminar uma obra de arte.

2 comentários:

  1. O livro é lindo, o meu preferido! Ao mesmo tempo em que apresenta várias discussões existencias, Calvino também nos faz viajar em um mundo novo e fantástico. É detalhado, delicado, conciso e gigantesco (porque, como você falou, os detalhes tão rapidamente contados dão margem para uma vasta interpretação). Gostava de ler uma cidade por noite, as vezes até sonhava com cada uma delas e suas esquinas e aromas.

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  2. Livro maravilhos! Créditos para o professor de História do Direito da UFPR que nos indicou a leitura! Definitivamente, a escrita suscinta e breve nos permite a nossa propria visão e interpretação de cada cidade! E esse é o livro bom, aquele que te faz pensar e viajar!

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