domingo, 10 de janeiro de 2010

Potpourri de Veraneio

Lá Estava eu, vendo TV na praia. Como quase ninguém tem TV a cabo para assistir de vez em nunca (haha, menos o Jamil), após passar ISA Tkm, cheguei num canal que tava passando Pica- Pau. Quando nós somos pequenos, somos muito mais abertos ao mundo: as coisas são novas, não temos um senso crítico desenvolto, capaz de censurar cada palavra dita ou valor incutido, não temos preconceitos formados. Mas com o tempo, isso passa. Adquirimos novas pautas comportamentais e morais. Eu, após muitos livros, anos de aulas, professores conservadores, mestres liberais, revistas de esquerda, artigos de direita, seminários marxistas, esporros de amigos, lições que os pais sempre pregam, comportamentos reiterados, passei a cristalizar um padrão do que é certo e do que é errado. Todos nós fizemos isso.

Imagine então ver um episódio de Pica-Pau hoje em dia, uma loucura! Nos tornamos mais rígidios e exigentes, além de infectados por essa lógica toda que a vida nos lega diariamente. essa carga cultural de cada um pode ser uma coisa ruim. Olhe no direito, por exemplo. Os formandos saem da faculdade com a cabeça feita, com a mesma lógica manjada de jurista, a mesma forma de pensar, e isso é quase inevitável. Por isso, em certas ocasições, a ignorância, a inocência, são muito bem-vindas. Os calouros, voltando ao exemplo, têm respostas muito mais ricas e não manchadas, falam o que pensam, e não o que leram e ouviram. Nosso cérebro é mais plástico quando somos crianças, livre de toda essa influência.

Aproveitando a brecha, gostaria de meter o pau nos desenhos americanos. Aonde estão os valores? Eles são mercenários, completamente vendidos e, em sua maioria, repletos de piadinhas e ideiais sociais já reiterados na cabeça do mundo todo: o american way of life. Olhe o Pica-Pau, o cara roubava comida dos outros animais durante o verão e no inverno passava fome! Aí, no verão seguinte, quando o povo ajudava ele a recuperar-se da fome e do frio, ele ia lá e comia a comida que os outros estava estocando, DE NOVO! E pior, saia impune. Animês, tão criticados hoje, taxados como esquisitice, mostram valores milenares: a família, a honra, a honestidade, a sabedoria, o respeito; mesmo cheios de lutas, mortes, traições...

Isso me faz lembrar das novas cartilhas recomendadas pelo governo para as escolas públicas, cheias de contos-de-fada reformulados, politicamente corretos. Como se as crianças não precisassem ter contato com os eventuais acontecimentos ruins, a escola deveria preparar para a vida, prezar a íntegra do original, a cultura alí contida. Como iria prepará-las para as atrocidades do mundo se lá dentro tudo é cor-de-rosa? Não digo que devemos pregar a violência, a depravação, imoralidades mil na escola, haha, nada de brinquedos eróticos para as crianças, como Huxley pensava em "Admirável Mundo Novo".

Um pouquinho de realidade cariria bem. Aí que volto para os desenhos japoneses: são criativos, engraçados de uma maneira saudável, e sempre pregam bons valores. Pena que não são muito valorizados aqui. Até adultos, com um senso crítico desenvolvido, conseguem ter um tempinho agradável em frente à TV, vendo Samurai X, Dragon Ball Z, Sakura Card Captor, para só manter somente entre os famosos.

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