quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O Mito do Homem

Algumas pessoas morrem, outras entram pra história. Algumas simplesmente partem dessa pra melhor, outras têm o (des)prazer de entrar pro Monte Olímpo da humanidade. É engraçado como as pessoas deixam de serem humanas pra se tornarem símbolos e esses ícones nem sempre são tão humanos quanto os de verdade.

O primeiro exemplo que me vem à cabeça é o de Ernesto "Che" Guevara, o médico argentino que foi peça fundamental na Revolução Cubana. Che deixou de ser de carne e osso faz tempo - não só porque morreu, mas porque sua imagem superou sua existência. Ninguém se importa com o que ele fez e foi de fato, a esquerda só pensa em divinizá-lo com libertador da tirania enquanto que a direita só se importa em satanizá-lo como assassino frio e calsulista.

E Che é só um exemplo, a nossa história tá recheada deles. Dois bem antagônicos do Século XX foram Adolf Hitler e Mahatma Ghandi, símbolos do mal e da violência e da bondade e da paz, respectivamente. Mas Hitler não tacava fogo em estrelas de Davi nos intervalos do colégio por simples sadismo nem Ghandi fazia greve fome desde criança pra conseguir o que queria. Que eles tiveram seus feitos em vida, disso não há dúvida, mas a imagem que permanece em nossas cabeças é só uma sombra das pessoas que eles realmente foram.

Nomes do bem e do mal, recentes e antigos. Desde o recente Osama Bin Laden, representação de todo o terrorismo, até Jesus Cristo, o homem - queiram ou não - mais influente do mundo. Esse é até mais intrigante, sua história ainda é nebulosa, mas o que interessa é o que ele representa. Nem nós, tupiniquins, escapamos da sina dos ícones. Desde a tentativa de tornar o índio Peri de Zé de Alencar em um cavaleiro europeu, do símbolo na luta negra, Zulu, da messianização de Tiradentes até o desenvolvimento para transformar o atual presidente em um heroi.

E continua valendo a teoria maquiaveliana de que não é preciso "ser" de fato, basta fazer com que os outros pensem que você é. É aí que apelo pra outro filósofo, Platão, que dizia que só conhecendo a essência das coisas é que as conhecemos de verdade e não podemos mais ser enganados, por quem quer que seja.

Um comentário:

  1. Falando em ícones.. acredito que Zilda Arns será vista assim pelo seu trabalho, que era executado com total fidelidade aos pricípios da profissão que escolhera, mantendo valores de respeito para com a vida e com as condições dignas que essa deve ter, pois já se sabe, não basta viver, é preciso viver bem!

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