segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Power Trio de Bermudas

Voltando à minha idéia de fazer um post pra cada um dos grupos do quarteto sagrado do Rock Brasileiro, a escolha da vez são os brasileiríssimos Paralamas do Sucesso. Digo brasileiríssimos porque são poucas as bandas que conseguem fundir a cultura latino-brasileira com as guitarras do Rock N’ Roll, e nisso eles são os melhores.

A banda, que tem duas cidades natais – Brasília e Rio de Janeiro, afinal a maioria é da Capital Federal, mas a banda começou na Cidade Maravilhosa -, se destaca por alguns fatos. Primeiro de tudo, é um Power Trio – Power trio, pra quem não sabe, é uma banda de 3 integrantes, um baixista, um baterista, um guitarrista, sendo que um dos 3 é o vocalista, como Police, Nirvana, Green Day, Blink 182, Rush, etc. -, que já é algo louvável. Além disso, continua lançando álbuns de qualidade e evoluindo a cada ano que passa, diferentemente da maioria das bandas que começaram com eles. Por fim, o acidente que deixou o vocalista Herbert Vianna paraplégico, que mesmo de cadeira de rodas, não deixou o show parar. A propósito, o nome “Paralamas do Sucesso” foi dado por Bi Ribeiro, o baixista, numa tentativa de dizer um nome engraçado, acabou que todos gostaram.

Mas vamos às indicações. Eu tenho costume de indicar músicas menos famosas das bandas, mas essa versão dessa música eu não podia deixar de comentar. Todos já ouviram “Óculos”, mas no show Paralamas e Titãs, juntos e ao vivo – que virou DVD, CD e que eu já citei no texto sobre os Titãs –, lá pelo final da música ao invés de dizer “Atrás dessas lentes também bate um coração”, que é a letra original, o Herbert canta “Em cima dessas rodas também bate um coração”, e em seguida o povo vai ao delírio. Algo que sempre me toca quando ouço e que você pode checar aqui.

E como prova do que eu tinha dito antes sobre eles evoluírem cada vez mais, uma das minhas músicas favoritas do grupo é “O Calibre”, do décimo disco da banda, “Longo Caminho”, lançado em 2002, um ano após o acidente do frontman da banda. A música é o retrato mais fiel da insegurança que as metrópoles nos trazem. Quem mora em cidade grande compreende exatamente o que a música quer dizer com “Perdido em números de guerra, rezando por dias de paz”. Além da boa letra, o riff é interessantíssimo. Bem mais trabalhado do que a levada de Ska do “Melô do Marinheiro” do começo da carreira dos caras.

Outra coisa que eu não posso deixar de falar é sobre a música “Lourinha Bombril”. Ela sintetiza praticamente toda a miscigenação brasileira. “Essa crioula tem o olho azul, essa lourinha tem cabelo Bombril, aquela índia tem sotaque do Sul, essa mulata é da cor do Brasil.”, mas apesar de toda essa identificação, o que poucos sabem é que ela é uma versão de outra música de um grupo latino, “Parate y Mira” do Los Pericos. Sinceramente, não é pra puxar sardinha pro nosso lado, mas a dos Paralamas deixa a original no chinelo, ainda mais nessa versão – naquele mesmo show com os Titãs – que conta com a voz e a guitarra de Samuel Rosa, do Skank.

Por fim, outra música conhecida, mas numa versão totalmente inusitada, é “Alagados”. Aposto que todos já ouviram alguma vez na vida, mas duvido que muitos tenham visto ela ser cantada pelos Paralamas junto com a Banda Calypso. Isso mesmo, Joelma e Chimbinha. E sabe que não ficou ruim? O ritmo do Pará combinou perfeitamente com o “Rock de bermudas” – de bermuda por ser um rock tropical, nada parecido com o original, de calças jeans e jaquetas de couro. Essa invenção do Estúdio Coca-Cola Zero pode ser vista aqui. A propósito, o refrão dessa música é “Alagados, Trenchtown, Favela da Maré...”. Trenchtown é a favela de onde veio Bob Marley e boa parte dos Wailers. É bom frisar isso porque os próprios Paralamas já comentaram dos absurdos que ouvem da plateia nessa parte da música. Eu mesmo cantava errado antes de checar a letra.

Então é isso. Espero que aproveitem o ritmo contagiante dessa grande banda brasileira, que por sinal está com um disco novo nas lojas, “Brasil Afora”, retomando as influências do Reggae do começo da carreira.

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