domingo, 11 de outubro de 2009

Feriado Graças a Deus

Amanhã é dia das crianças, mas sinto lhes informar que, infelizmente, dia das crianças não é feriado. O feriado é graças ao Dia Santificado, homenagem à Nossa Senhora Aparecida, padroeira do nosso Brasil varonil. Feriado assegurado por lei. Amanhã também é dia da leitura, mas isso não vem ao caso. O ponto em que quero chegar é o de que amanhã é um feriado em homenagem a uma santa. O problema? É um feriado religioso.

Não que seja um problema de fato, não tenho nada contra religião nem contra feriados – até porque eu nem sei mais o que é esse tipo de coisa, amanhã tenho aula; até já gostei de feriados num passado remoto e pretendo gostar de novo num futuro não muito distante, mas no momento, pra mim, eles não existem –, mas faz sentido um governo dito laico assegurar por lei um feriado religioso?

É certo que o Brasil é o país com o maior número de católicos do mundo, mas democracia, pra mim, não é impor a vontade da maioria, mas sim assegurar os direitos da minoria. E os brasileiros muçulmanos, hindus, budistas, judeus, ateus, agnósticos e comunistas? Como ficam? Qual é o sentido em um muçulmano comemorar o Dia Santificado, um budista comemorar o Natal ou um ateu comemorar a Páscoa? Por que não comemoramos o ano novo judeu ou chinês além do nosso réveillon tradicional? Muitas perguntas e poucas respostas.

Se vocês pensarem bem, o cristianismo está fortemente impregnado em nossa sociedade. Hospitais, praças, cidades, estados, colégios. Diversos deles com nome de santos. Nem os reais escapam do “Deus seja louvado” ou os dólares do “in God we trust”. Repito, não tenho nada contra religião muito menos contra feriados, só não vejo sentido em se ter um feriado nacional, oficial e religioso.

Se bem que, pensando bem, feriado nunca é demais. Esse post deve ser birra de vestibulando inconformado com os amigos estarem na praia enquanto ele – no caso eu mesmo – vai ficar por aqui, estudando. O que me resta é rezar pra que chova mesmo.

4 comentários:

  1. "MEU VIZINHO TA NA PRAIA"

    Um bom titulo para o post tambem.

    Amanhã dia da leitura, fazer um post especial para os leitores do blog!

    É eu tambem não entendo essa questão da religião e seus feriados, e outras religiões ninguem respeita.
    Nem gosto de comentar isso, não gosto de religião.

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  2. "Fuga de rico é televisão, fuga de pobre é religião" Já dizia Renato Russo...

    A religião afaga, conforta, inspira, agrega. Essa é a sua parte boa. O problema é quando ela age justamente de "má fé", não é, Sr. Edir Macedo?

    Cara, ainda me matam por eu falar o que penso... haha Medo O_O

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  3. Não podemos confundir Deus com cristianismo...

    Porém, ponto interessante o seu Allan de reconhecer esse aspecto curioso da cultura brasileira.
    Nos tribunais, em qualquer órgão público, lá está o crucifixo na parede.

    Quanto ao comentário postado pelo Allan, choca e muito saber o quanto de dinheiro é movimentado pelas Igrejas, seja Católica, Universal...porém, elas tem um papel de extrema importância para o brasileiro: ela é o caminho mais curto para encontrar a fé, nosso alimento espiritual, a esperança de melhorar...
    Essa fé, para mim, traz-me forças para estudar, para acordar cedo, fé que me faz acreditar em num dia em que possa retribuir tudo que me foi dado como oportunidade. As Igrejas tentam frequentemente buscam retirar essa autonomia de busca da fé por nós mesmos... A Igreja ajuda na busca pela fé, mas não ensina que é possível ter fé sozinho. Elas insistem em doutrinar uma fé não autônoma, dependente da imagem, do sermão de um pastor...
    Respeito e admiro as religiões, mas elas são as únicas capazes de sanar a ignorância praticada por muitos de seus fiéis, porém, também as únicas culpadas

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  4. Religião para Marx é o "ópio do povo". Sinceramente, não penso que isso seja verdade. A religião tem sua devida importância para evitar comportamentos anômicos na sociedade.

    É obvio, sem radicalismos. Sem falsos moralismos, em determinadas proporções e bem encarada, a religião pode ser boa para o povo. O Estado, mesmo que laico, não busca o ordenamento no nada, no abstrato. Ele, além de possuir uma carga histórica, busca uma forma de ordenar a sociedade dentro da própria sociedade, dentro das relações interpessoais nela traçadas. Se o povo brasileiro é cristão, nosso Estado, ainda que laico, não está livre da influencia do cristianismo.

    Claro, crucifixos em tribunais, frases católicas nas notas, etc, acaba sendo demais. Isso não é de maneira alguma laicizar o Estado, mas sim trazer a ele a famosa hipocresia teórica:colocar algo no papel e fazer diferente na prática.

    Uma coisa é ordenar a sociedade de acordo com as suas próprias diretrizes, outra completamente diferente é exigir toda uma carga simbólica na estrtura Estatal desnecessária. Penso que é a mesma coisa que Getúlio fazia: colocava a foto dele atrás dos livros didáticos! É inserir na mentalidade do povo, educá-lo dentro de uma lógica não constitucional.

    Ai que droga, já to contaminada.
    Ótimo título ahhahaha
    beeijos

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