terça-feira, 20 de abril de 2010

Sem Título

Primeiramente, gostaria de pedir desculpas pela ausência do Blog e pela falta de atualizações por aqui. Muitas coisas acontecendo ultimamente na vida de todos nós. Porém, aí vai um suspiro de criatividade, talvez mais um desabafo do que o resto.

Muitos buscam o Céu, ou Asgard, ou qualquer Paraíso que se preze. A perfeição, a beleza divina, o sossego da eternidade. Outros, não tantos, buscam o Inferno. Seus prazeres, suas feiúra, seu sofrimento eterno. Um punhado de gente também "busca" o Nirvana, ou o um com o Universo. O movimento que é estar parado. O vazio que possui forma e conteúdo. Esse estado de conjunção com o "divino", o eterno, a substância da verdade. Posso dizer que, após aprender um pouco de cada, minha inclinação é maior para o lado do nada, do vazio, da última opção. Os conceitos da chamada "Filosofia Perene" são quase que perfeitos para minhas idéias.

Ultimamente, tenho estado numa condição que, julgo, me aproximou desse lado mais celestial, digamos. Porém, noto que não é exatamente a negação de tudo que eu buscava. O vazio que descobri tomar conta de mim é um vazio mais cheio, mais opressor. Uma força que não me permite sair, uma solidão estranhamente conhecida. Ela me aprisiona, me enclausura, me algema em mim mesmo e no conhecido. Tentar negá-la é um exercício absurdamente esgotante. A clausura, a porta fechada com a qual me defronto é imponente demais, familiar demais, cativante demais.

Outra coisa nisso que me surpreendeu, o calor que sinto. Não de aconchego, de paz, de proximidade com o eterno, mas sim um fogo que parece me consumir sem saída. Já senti isso, levemente, em outras ocasiões. Não tão intensamente como agora. O calor é, não explosivo, mas implosivo. Ao invés de me expurgar e me libertar, me suga, me agoniza, me tranca. Ele me força a me confrontar, a me fazer sentir, viver. E faz isso me puxando para dentro de mim mesmo, me fazendo pertencer a esse mundo como eu nunca havia pertencido antes.

Não há saída, não tenho rota de fuga. Preciso encarar o abismo. Olhar a Medusa nos fundos de seus olhos. Tentar afugentar o medo, o monstro, o abismo. Porém, sinto que já posso antecipar que vou tornar-me um, como já dizia Nietszche. A vontade de me tornar um buraco negro faz necessário que eu flerte com o buraco branco. Não para gostá-lo, apenas para entendê-lo. Somente após essa compreensão é que posso aspirar o vazio novamente.

Não me orgulho de dizer tudo isso. Porém, essa fraqueza que admito não me faz nada mais que um homem, um ser vivo consciente, tristemente ciente, de sua vida, de sua vivacidade. Porém, sobre tudo isso ainda paira um estranhamento recorrente. O desconforto que toma conta é sobrepujante à vividez. E o pior de tudo é não ver a tal luz no fim do túnel. É o buraco branco que me cega.

6 comentários:

  1. Quando estamos na pré-adolescência para a dita cuja adolescência, a tal puberdade, sentimos a transição de uma forma hormonal,meio sem entender o que está acontecendo com nosso físico e mental. Crianças demais para umas coisas e grande acima da medida para outras. Entretanto, quando estamos prestes a nós tornarem adultos, a condenação máxima da sociedade em nos exigir responsabilidade, postura, sítio social, isso e mais um pouco aflora nossa alma, nossas crenças e nossa conduta.
    Puxe o freio, ainda é cedo prá crescer!

    *** tudo bem, admito, esse comentário está muito Mestre dos Magos

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  2. Acho que hormônios são clichês demais, com todo o respeito. Apesar de terem grande parte nisso, tudo vai muito além. Vai a minha opinião:
    Nada mais que normal. Apesar de anormal e frustrante, isso acontece muito mais corriqueiramente do que imaginamos. Você escreve como adulto, pensa como adulto. E esse sentimento também é de adulto, creio eu. Não sou adulta, longe disso. Tenho a minha meninice. Se sou adolescente ou pré-adolescente, isso não me importa; porque quando a gente vê, já foi mesmo.
    Se ainda estiver sentindo estas coisas, sinta-as de verdade, e aproveite. Vai chegar um dia, que você vai precisar delas.
    Uma pausa.
    No mais, um belo post. Aliás, você escreve a cada dia melhor!

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  3. Sei de nada de qualquer jeito, mas dizer alguma coisa, qualquer coisa, pode ter algum efeito, quem sabe...
    Sabe o que penso? Quando uma bolinha começa a se movimentar demais, e vai se voltando para dentro de si mesma, vai cutucando, cutucando, se perdendo...ela começa a se abocanhar. Feito coisa que parecesse auto canibalismo.
    Saia pra fora - por mais redundante que pareça - mas é isso: não more tanto dentro de você mesmo. More também numa árvore, numa nuvem, em uma outra pessoa. Pra mim, o sentido da vida é dividir. (não que esteja dizendo que não já o faça...). Pra mim o sentido da vida é dividir...dividir... ir. Ir.. Pra mim "Eu não sou você e você não é eu. Isto é a solidão." sabe? Mas e se der pra ser dois, três, quatro... era disso o que você falava né? Não imploda, não. Exploda. Daí a casa fica limpa (:

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  4. Agradeço todos os comentários. Bom saber que tô chegando em alguém com o que digo.
    E, Anônimo, que belo comentário! Acrescentou, e muito, ao texto.

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  5. Jamil, meu caro, teu blog pulsa atitude e inteligência! parabéns!

    sigo teus passos, abraço

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  6. Yuri, pensamento de adulto? concordo plenamente.

    Atualmente estou com o pensamento bem próximo ao do Jamil, porém penso/filosofo para o lazer e não dou significância aos pensamente que me causam agonia ou algum tipo de relutância.

    Eventualemente os comento com alguem de confiancia e que sei que gosta de debater, isso ajuda.

    Valeu!

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