terça-feira, 6 de abril de 2010

Doutrina Monroe Redimida

Quem já pensou em conhecer Paris e seus cafés, a Itália e suas cidadezinhas (até mesmo a Sicília dos Corleone), Grécia das ilhas pitorescas e das ruínas históricas, a liberal Amsterdam, a casa de Goethe e as famosas igrejas em Berlim, já fez muito. Nem todo mundo tem aquela fome de conhecimento, aquela curiosidade afoita, o conhecer por conhecer, ampliar seus horizontes e não se conter com as desculpas esfarrapadas do dia-a-dia: "não tenho tempo", "a grana ta curta". Sim, desculpas, porque nada que um planejamento não resolva. Mas... se já fez muito, por que não fazer mais?!

Conhecimento sempre é bem-vindo, mas conhecer de onde o saber veio é primordial, básico. Essa sempre foi uma das dúvidas mais cruéis que a humanidade já teve: de onde viemos. Grande parte da população brasileira tem essa resposta literalmente estampada na cara: daqui mesmo. Sim, e pra que pensar tão grande, querer conhecer o distante desconhecido, sem antes conhecer as bases de sua própria cultura, de sua árvore genealógica, de sua nacionalidade e de sua lógica latina: a América. E não estou falando do Norte, mas sim aqui do Sul, o básico do básico. É fundamental conhecermos nosso país, assim como nossos vizinhos.

Andar pelas largas avenidas de Buenos Aires, mofar nas poltronas de suas numerosas livrarias; respirar o ar dos povos andinos e contemplar a vista dos cumes de suas ruínas; conhecer o extremo do país, o Chuí, e o começo do fim do continente, o Chuy; aprender com os erros das antigas Missões; embrenhar-se pela Cordilheira dos Andes; esquentar-se com o vinho de Mendoza ; passar frio no Ushuaia ou espantar-se com a terrível realidade abandonada da Bolívia.

A cultura sul-americana é vasta e riquíssima. Para os avantajados que já nasceram com o dom da curiosidade, adquiram também o dom da humildade. Para que ir tão longe, buscar a beleza em outros continentes, sem antes conhecer a sua própria fartura, desprezando a beleza de seus países vizinhos e suas fotografias mil?!O turismo é muito valorizado pela descendência anglo-saxônica, ainda mais aqui nos países do MERCOSUL, onde o dólar se multiplica e eles são tratados como reis. Quem somos nós para ignorarmos tamanha riqueza cultural, além da imponência da natureza que se mostra de forma inevitável, mostrando sua delicadeza e periculosidade... Antes de habitantes do planeta terra, somos brasileiros e sul-americanos. Penso que uma modinha não vai mudar um modo de pensar, muito menos um rumo. Quem percebe isso, valoriza principalmente o que tá perto, sem ficar idealizando o longínquo.

2 comentários:

  1. Pois é, mon coeur, nossos preconceitos contra nossos hermanos argentinos, a noção do Paraguai como um país que só tem muamba, o Chile tem terremoto, são motivos vagos pela riqueza cultural desses países.

    Espero que logo, tenhamos a oportunidade de conhecer esses países comoestamos planejando desde o início do ano...

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  2. Parabéns pelo texto e pelo raciocínio atrás dele, claro. Mas é preciso lembrar que também temos no Brasil as tão maravilhosas praias nordestinas, a cultura do sul e as maravilhosas comidas típicas de cada região; e viva o conhecimento!

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