quarta-feira, 7 de abril de 2010

O Voto do Futuro com Vontade de Ser do Passado

“No exercício da Presidência, não tenho candidato. Todos são meus candidatos. Depois do horário do expediente, eu vou ter candidato. Vou pra rua fazer comício. Vou no sábado e domingo. [...] Quando terminar o expediente, aí, sim, tenho candidato, porque tenho partido e vou apoiar”.

É um tanto ingênuo querer que Lula seja totalmente imparcial, mesmo, por lei, tendo que manter a imparcialidade. Porém, cabe aqui indagar o aspecto do expediente do presidente da república. Será que o expediente do presidente da república também não se extende depois do fim do dia? Extende sim, pois quando se trata de representar, de ser exemplo, como “teoricamente” tem de ser a figura política, o cargo não tem expediente: é representante do povo, dentro do palácio, fora do país, no jogo de futebol, aonde for. Um presidente, para o Brasil, é uma figura, um símbolo da escolha.

Dessa forma, como o presidente pode contribuir para as eleições ao invés de apoiar a democracia, influenciar na decisão, da maneira como faz. Quantos votarão em Dilma Roussef por ela ter sido uma boa ministra da Casa Civil, sempre engajada na política? Poucos, ou quase ninguém. A população vota por aliar a figura do atual presidente a uma possível sucessão de governo que manterá a mesma política, ou até como um presente para o atual presidente, um voto de agradecimento pelo bom governo. São essas as maiores justificativas do voto à Dilma e, sem esses votos, ela não ganhará a eleição, não terá nem segundo turno.

Toda a disputa política acaba bipolarizada e é isso que acontecerá nesse ano. Um lado falará tudo que aconteceu de bom no último do governo, o outro lado, ou irá desconversar, ou falar mal do último governo. E a população mantém esse raciocínio e vota com base no último governo. Não há identificação partidária no Brasil (por exemplo: Sempre voto no PT ou sempre voto no PSDB) mas há a associação direta do último governo com a sucessão só porque é o mesmo partido. É claro que há uma continuidade de plano de governo, mas vejamos, os ministros são outros, o Congresso nacional é outro, esse plano pode se alterar a qualquer momento.

A conclusão que tiro dessa frase de Lula é que cada vez mais devo pensar nos candidatos e seus possíveis ministros, os que serão os operadores do governo, não os que já foram. Os que já foram operadores dão uma base, porém não podem determinar, só pelo fato de dizer que apóia, o voto do eleitor.

7 comentários:

  1. O Lula,além de ser chefe de governo, é chefe de Estado, ou seja, representa o país nacional e internacionalmente. Na prática, ele não deveria apoiar ninguém, tomar partido de ninguém, mesmo sendo um civil. No entanto, durante o seu mandato, ele deixa de ser civil para representar o país.

    Sobre ater-se aos partidos políticos durante as campanhas, considero a fidelidade partidária algo nem tanto positivo. Veja a universidade, por exemplo. Todas as pessoas que votam no PDU, partido de direita, continuaram votando nele, o mesmo acontece com os outros partidos. Cabe aos calouros decidirem as eleições, porque eles ainda não tem voto definido. Trazendo esse exmemplo para a realidade prática, as pessoas que votam no PMDB continuariam votar nele, assim como os votos para o PT continuariam ir para o PT. Percebe o vício aqui, a falta de atenção às propostas?

    As pessoas podem possuir tendências, isso não nego, mas não partidos fixos. Precisam votar no canditato com as melhores propostas e não por causa do partido em questão.

    Realmente, concordo com voce, Pedro, não podemos nos ater às pecuínhas antigas na hora de decidir nosso voto, mas sim às propostas.

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  2. Estou propenso a concordar com a Minia. Votar sempre em um partido, ao meu ver, só faz sentido se você pertencer a esse partido, estiver nas discussões de pauta, puder mostrar sua opinião, afinal, ninguém concorda inteiramente com as atitudes de um grupo de pessoas...

    E quanto ao Lula, não vejo problema nesse apoio à Dilma. Não há nada mais natural. O Lula antes de ser presidente da república é do PT, tem todo o direito de apoiar a candidatura do seu aprtido, ainda mais com essa proposta de continuidade do seu próprio governo. Errado seria ele colocar uma estrelinha vermelha nas propagandas do governo ou nos órgãos estatais, fora isso, ele continua sendo petista.

    Mas concordo em partes, não se deve votar na Dilma pelo que o Lula fez. Também, mas não só. A Dilma não é o Lula, não vai tratar dos assuntos como o Lula trataria, talvez nem tenha o mesmo carisma. A Dilma é a Dilma e o Lula é o Lula, agora se eles são parecidos, então a lógica não é tão besta assim...

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  3. A questão aí, Allan, não é que Lula foi antes do PT do que presidente. Sao duas funções que não podem se confundir, como o apoio expresso faz. O centro da questão não está no cargo, mas na identificação do eleitor com o chefe do Estado ou com o partido. Lula consagrou sua imagem no cenário nacional no exercício do cargo de presidente. Quando se trata de representar um país, principalmente um em que há muito mais a identificação com a figura do eleito do que com o partido. O governante eleito não pode induzir a sua boa imagem a uma campanha política. O apoio, que sempre acontece, é inevitável, apresenta esse problema. Está tudo junto, Lula apoiando já passa uma imagem do seu próprio governo na sucessão.
    Basta olhar pelo Brasil, quantos e quantos querem o apoio de Lula nas eleições para governador. Requião esperneou, bufou, para conseguir o apoio de Lula a Pessuti. O apoio, porém, ficará ou com Osmar Dias ou com um possível candidato do PT. Então, todo mundo quer o apoio de Lula, por que sabem dessa correlação que a população faz. E aí que é preciso ter cuidado. Saber quem é o candidato. Quem gosta um pouco de política já sabe que Osmar Dias e Lula não têm nada em comum, é puro interesse político.

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  4. Ah, Allan, esqueci de falar...

    Saudades ;)

    É isso ae, bicho, vida de universitário não é fácil...

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  5. Mas você tem que separar o Lula presidente do Lula partidário do PT! São pessoas diferentes, isso que ele quis dizer com "depois do expediente". O Lula enquanto presidente não pode fazer nada (ou não poderia, já que levava a Dilma pra tudo quanto era canto, inauguração, cerimônia e o escambau enquanto governante, mas isso são outros quinhentos).

    Você tem que pensar se isso realmente é um problema...

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  6. Não são diferentes, não na cabeça do povo que vota. E é um problema sim, votam na Dilma porque ele apóia, só por isso. A figura que Lula se tornou proporcionou isso. A figura que qualquer presidente que, de acordo com a maioria, faz um bom governo proporciona isso. Não estou falando que isso não deve acontecer, por que é errado. Estou falando que acontece, não é errado (ao pé da letra, com certos limites), mas o povo tem de perceber isso. Os políticos tiram proveito disso por todo lado. Olha a eleição do Gaspar Dutra, apoiado pelo Getúlio, esse é apenas um dos tantos outros que ocorreram no país, principalmente entre governadores – figuras carimbadas como é Sarney, foi ACM, que elegiam quem eles queriam. Acontece, é um problema, é um jogo com a mente dos eleitores.

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  7. Não vou mais discutir isso por aqui.

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