sábado, 31 de outubro de 2009

Liberdade, Igualdade, Fraternidade

É tudo o que queriam os Iluministas, os revolucionários da "bastilha", os "povos da primavera", os estudantes do "ano que não acabou" e todas as pessoas que tem bom-senso. Mas o tempo passou e de um lado ficou a liberdade dos EUA, e do outro a igualdade da URSS. E a América Latina não se sentiu mais livre depois de sentir o "Big Stick", nem o Leste Europeu mais igual depois de conhecer o "Pacto de Varsóvia". Ah, a Fraternidade? Essa nunca existiu, nunca foi aplicada. Nunca deu dinheiro nem nunca deu resultado. A Fraternidade não passa de uma palavra pra preencher espaço. Pra fechar a rima, a métrica dos discursos demagogos dos políticos mentirosos.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

"Ah, Como Eu Sofro!"

Mas pode reparar,

A gente gosta mesmo

É de reclamar.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Vascularização das Opiniões

Respondendo o comentário pré-histórico do Allan sobre arte contemporânea: cada um tem sua forma de externar aquilo que sente, que vê como arte. Não existe um padrão do que pode ser considerado como uma obra artística. Claro, pessoas submetidas a um mesmo contexto histórico, político e socioeconômico possuem tendências similares. Não é possível você ver um quadro, por exemplo, e encarar aquele estilo da mesma forma que você encarava antes. Ele passa a exercer uma influência sobre o seu olhar, seja positiva (e assim, construtiva ao seu estilo, estando contido nele) ou negativa ( sendo usado como oposição àquele determinado tipo de arte). Na verdade, não podemos nem sequer tipificar. Fazemos isso para fins didáticos e práticos, acredito eu.

Aonde eu quero chegar? Na verdade nem eu sei, to com sono, hahaha. Mas sinto em dizer que a tendência atual é não ter tendência alguma. As intenções encontram-se tão diluídas na sociedade, que acabam sendo praticamente singulares. Ninguém possui um ponto de vista igual ao meu. As influências que eu tive na minha vida, sejam subjetivas (sentimentais, memoriais, afetivas, sociais) ou objetivas (conhecimento, que por sinal, nunca será nem neutro nem impessoal, acabando por ser subjetivo também, de certo modo) acabam fazendo do meu pensamento estritamente singular. A arte contemporânea que o Allan tanto criticou não passa de um exemplo prático dessa visão única. Um dia, tive até que rir, vi no Museu do Olho um pote de vidro com molho de tomate dentro, quebrado, caído no chão e um esfregão e um balde do lado. Para mim aquilo não "é" arte, mas para as pessoas que compartilham da mesma gama mínima de signos que o autor da obra, aquilo é arte, pois elas conseguem entender o que foi externado.

Tudo é relativo,não depende só do ponto de partida para que se chegue a uma mesma linha de chegada. É claro, isso para pessoas não alienadas, mas não vou voltar ao manjado moto perpétuo.

O Ler, o Pensar

A leitura não pode substituir o pensamento. A literatura está para o pensamento assim como o ato de comer está para a digestão e a assimilação. Quando a prática da leitura se orgulha de que, somente ela, por meio de suas descobertas, fez progredir o saber humano, é como se a boca quisesse se gabar por sustentar sozinha a existência do corpo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Economia de Pau-a-Pique

A crise que todo mundo tanto temeu, pelo visto já passou. O Lula realmente não tava tão errado quanto à história da marolinha. Aliás, pra mim o governo foi impecável no tratamento dessa crise. Já imaginaram se eles tivessem assustado toda a população? A recessão econômica ia ser desastrosa. Ter fingido que tava tudo bem simplesmente fez como que nada acontecesse.

Percebem como a economia é relativa? A crise não é algo material, é algo imaginário. Toda a economia é. Só o fato de o presidente ter acalmado a população fez com que, apesar de os níveis de exportação baixassem, o mercado interno continuasse firme e forte. A economia não passa de uma convenção mundial.

Tem mais, ela é extremamente manipulável. Se um governo precisar de mais dinheiro, pode simplesmente emitir mais notas. Poderia pagar as dívidas internas, mas claro, teria sua moeda desvalorizada no resto do mundo. Agora, e se todas as moedas se desvalorizassem? E se todos os países emitissem mais notas na mesma proporção? O Valor de cada nota poderia diminuir, mas relativamente ao resto do mundo, ela valeria a mesma coisa! Isso mostra, por exemplo, que o ouro, que foi lastro por muito tempo, não tem preço!

Na natureza o arroba do ouro não tem preço fixo, tem o preço que nós estabelecemos. Aliás, o ouro é um metal como outro qualquer. Creio que ele tenha sido escolhido como moeda de troca pela dificuldade de encontrá-lo e da sua baixíssima reatividade. Mas eis que portugueses e espanhóis vêm pras Américas e descobrem que existem enormes reservas de ouro, prata e diamante por aqui. Resultado: eles são os novos “donos” do mundo. Percebam então que o ouro não é algo tão raro assim, provavelmente os Incas e os Astecas utilizassem outras coisas como moeda de troca, afinal, ouro era algo banal pra esses povos. Ou seja, o que tem o ouro de tão valioso?

Outra coisa que sempre me intrigou foi uma “crise mundial”. Pra mim, crise mundial não existe. Não dá pra todo mundo sair perdendo, o dinheiro não sai desse planeta. Tudo o que produzimos, consumimos e o dinheiro com que pagamos está aqui. Em toda crise há quem ganhe e há quem perca. Se todos perderem, no fim das contas deu na mesma, afinal economia é uma convenção, lembram? Outra coisa que também me intriga é quando dizem que é muito caro transformar água salgada em água potável. Caro? Caro vai ser a raça humana acabar por falta desse líquido incolor. Nada é caro quando se é necessário. Água é um exemplo de que a economia é falsa, é só a água acabar que o preço do aço das refinarias é subsidiado, a energia é divida, a mão de obra é qualificada e barateada, enfim, o processo todo se torna viável.

É por essas e outras que as ciências econômicas não me agradam. São muito frágeis, tudo é muito relativo, tudo é muito mutável e imprevisível. Frágil como as casa de pau-a-pique que só existem graças à ganância e desigualdade causadas pela própria Economia. Prefiro filosofia, algo que comparado a essa pseudociência - afinal, é tão aleatória quanto a astrologia - chega até mesmo a ser concreto.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

São Pedro Limpa o Salão de Festas

E na festa, dança a moça que foge das poças,
Dança o índio agradecendo aos céus,
Dança, no filme, aquele idiota,
Dança o bolinho na panela da Bebel,
Dançam as gotas que escorrem do meu rosto ao meu peito.
Conclusão: na chuva, todos dançam de algum jeito.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Brincando de Ser Criativo

Hoje, vindo para casa, saquei uma bela coincidência, ou, pelo menos, consegui aquela inspiração. Ouvindo "Computadores Fazem Arte", de composição de Chico Science, e tendo o privilégio de poder ver blocos de nuvens se movendo em tempos diferentes com um fundo amarelo-alaranjado, divaguei sobre dois assuntos, meio que relacionados.

Primeiro, algo que tem a ver com o post do Allan sobre arte. A música, na versão que eu ouvia, tocada pelo Mundo Livre S/A, fala sobre como a tecnologia hoje faz todo o trabalho do homem preguiçoso, inclusive se metendo na arte. Com isso, "computadores fazem arte, artistas fazem dinheiro". Além de os artistas, segundo Chico, pegarem carona nas inovações tecnológicas dos cientistas (vide Photoshop), eles se aproveitam dessa para delegarem todo o esforço da criação criativa para as máquinas. É claro que há exceções, caso, mesmo hoje em dia, das pessoas que se recusam a envolver a tecnologia de ponta em suas obras (como alguns arquitetos, que preferem a mão do que softwares de desenho), e caso das que utilizam as inovações, porém, mantendo a parte humana da criação artística.

O outro aspecto que observei, e que diz respeito às nuvens, é sobre criatividade. Como pode um ser vivo (nós) ver, num aglomerado de partículas de água condensada sendo carregado pelo ar em corrente, graças as mudanças de pressão e temperatura, algodão-doce, animais sinistros, pessoas queridas, entre outras imagens inusitadas (no meu caso, vi, hoje, pelo fundo meio amarelo, Zeus e alguns raios. Claro, relevem minha viagem, tendo em vista que tive quatro aulas de projeto arquitetônico hoje)? Estranho é pensar, também, em como certas pessoas "criam" necessidades através de obviedades, que antes passavam despercebidas, graças à criatividade e inovação. Não é óbvio que devemos usar lâminas para nos barbearmos, ou que a melhor solução para prender blocos de papel é o clips? Claro que esses conceitos de necessidade podem ser questionados (vide a internet, que, para muitos, temo eu, é caso de vida ou morte).

Agora, relacionando os dois, a criatividade, impulsionada por diversos motivos, cria obras artísticas magníficas, faz surgir inovações tecnológicas antes inimagináveis. Essas inovações são utilizadas das mais diversas maneiras, como, por exemplo, no auxílio do artista. Só que, como o ser humano é, por natureza, um animal, portanto, faz de tudo para sobreviver, muitas vezes a tecnologia é usada de maneira obtusa (boa, hein), como é o caso da bomba atômica, exemplo clássico do mau-uso do conhecimento.

Pronto! Viram como é fácil fazer uma relação entre dois acontecimentos totalmente desconectados entre si? É só ter um pouco de elasticidade e assistir algumas aulas de física seguidas por aulas de história.

domingo, 25 de outubro de 2009

A "Arte" de Enganar

A arte não existe mais faz tempo. Sempre achei muito engraçado esse negócio de arte contemporânea. Sabe aqueles quadros que se resumem a rabiscos e que, de acordo com o autor e os críticos metidos a besta, são “expressões mais profundas da alma”? Então, acho a maior besteira.

Arte pra mim tem 3 matrizes, 3 alicerces que sem eles ela é dispensável. Tem que ter emoção, criatividade e qualidade técnica. O primeiro é simples, o segundo já não é pra todo mundo e o terceiro sozinho também não é grande coisa. Agora conseguir unir os três, ah, isso é pra poucos.

E olha que eu nem sou daqueles radicais que só idolatra do séc. XIX pra baixo. Adoro obras do Picasso, do Van Gogh, até da Tarsila do Amaral. Essas obras não são meras “expressões mais profundas da alma”, são isso e muito mais. Um quadro de Picasso pode não ter a qualidade técnica convencional de um Leonardo Da Vinci, mas a perspectiva dele é única, utilizar formas geométricas pra representar os outros é genial na minha humilde opinião. Van Gogh então é mágico. Ele consegue exprimir seus sentimentos, expressar o que ele vê, o que sente, mas mesmo assim utiliza uma fusão expressionismo-impressionismo característica dele impecavelmente.

Agora peguem um Duchamp, por exemplo. Pra mim aquilo é a maior enganação. Tudo bem, é uma expressão raivosa e desesperada do pós-guerra, mas será que não dava pra ser melhorzinho não? E isso não acontece só na pintura, na música é ainda mais visível. Por exemplo, o Sex Pistols, uma banda punk. Aquela coisa baseada em 3 acordes, baixo de 3 notas e bateria manjada. Mas era música de protesto, tinha a parte emocional. Agora é desonesto comparar Sex Pistols com Chico Buarque, por exemplo. Chico também fazia música de protesto, mas era com classe, com talento. Não era um mero vômito de revolta.

Esses artistas são tão fracos que esses dias mesmo pegaram um elefante e o colocaram em frente a uma tela com baldes de tinta ao seu redor. Os quadros depois foram pra uma exposição em NY. O resultado? O tal pintor desconhecido foi enaltecido por todos, até comparado com um desses “gênios” da pintura moderna. Ou seja, um elefante pode fazer o mesmo trabalho, se não melhor, que qualquer um desses pseudo-artistas.

Talvez eu esteja sendo preconceituoso. Talvez eu esteja errado, assim como Monteiro Lobato estava quando avaliou a exposição da Anita Malfati, pintora modernista. Talvez daqui uns 20 anos eu desminta tudo isso, mas enquanto isso não acontece, continuo achando tudo isso uma grande idiotice.

O Livro "Bem Escrito"

"O Retrato de Dorian Gray" - Oscar Wilde

Romances românticos são quase sempre nacisistas e restritos a um só sentimento. Se os personagens "esféricos" sentem outra coisa é para que , no final, acabem felizes para sempre. Mas existem aqueles poucos livros, cujos finais são os mais inusitados, que me fazem pensar. Goethe ao construir Werther pensou em um personagem movido pelo amor, mas de um modo diferente:masoquista e esperançoso, não egoísta e narcisista, amante e introvertido. Mas o personagem que eu mais admirei até hoje dentro desse setor literário foi Dorian Gray. Incrível como sua inocência e ingenuidade se fundem com iniquidade e busca pelas futilidades pagãs. Sua "branca e rosada" juventude, tão admirada e valorizada por ele mesmo e pelo resto da elite londrina, torna-se eterna em um quadro feito por Basílio Haward, pintor este gamadão em Gray. O quadro é pintado com tanta sinceridade por Basílio, que torna-se algo íntimo, visto que coloca muito de si na obra. Gray é influenciado a adorar sua imagem, de modo a prometer sua alma àquele que conseguir manter sua aparência como foi pintada.

Justamente por ser tão vulnerável às opiniões alheias, com sua bela ignorância ( visão sem máculas nem cicatrizes de outras teorias) torna-se interessante ao leitor. A decadência da sociedade e a imoralidade, tão bem expostas e retradas no livro são o pano de fundo das longas discussões e solilóquios do protagonista e de seu amigo, Lord Henry. Este, é largamente conhecido por sua habilidade de influenciar os outros. Ele faz questão de emprestar um livro que torna Dorian adorador das belezas pagãs, de sua arte e de seus rituais. Nesse aspecto, o livro de Wilde torna-se denso e curioso.

Enquanto Dorian vai realizando aquilo que leu e tanto gostou, durante vinte anos de sua vida, sem mudar nada, as cicatrizes de seus feitos, assim como do próprio tempo, ficam estampadas no quadro pintado por Basílio. Nesse aspecro, Wilde explora os fantasmas do passado que assombram a consciência de Gray, como eles o atormentam e torturam, influenciando seu presente. O mais incrível é a habilidade que Dorian tem de perceber os mais distintos aspectos de sua alma com uma distância incrível, a ponto de conseguir detestá-los criticá-los, e ao mesmo tempo perceber que é impotente para mudar. Ele é, e isso o faz ter ódio de si mesmo. Imagine poder contemplar sua alma em uma pintura, que muda com os anos e com as experiências que você vive? Seria um alívio a curiosidade e ao mesmo tempo um tremendo fator enlouquecedor.

Acho que gostei ainda mais do livro justamente por não ter tempo de lê-lo. Além de dar valor aos poucos minutos que eu dava uma espiadinha entre as páginas, pude degustá-las longamente, aproveitar cada passagem ao invés de engolí-las de uma vez só. É isso que nos recomenda Ítalo Calvino, ao pegarmos "Cidades Invisíveis" para ler. Demorarmos em cada parte. Mas, como já dizia Oscar Wilde :"se um homem encara a vida de um ponto de vista artístico, seu cérebro passa a ser seu coração". A trama sem pudores é explicada pelo autor: "Não existe livro moral ou amoral. Os livros são bem ou mal escritos. Eis tudo."

Fica aí a dica de um livro filosófico e intrigante, pra encontrar o download do livro em pdf, clique aqui

sábado, 24 de outubro de 2009

Temporal

E a vontade de lutar pelo que passou,

E a inspiração para mover montanhas

São só mais uma qualidade boba

De quem já nasceu com a vida ganha.


Versos compostos pela minha amiga Flavia, tão admiráveis que eu considerei merecedores de um post por aqui.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Exatamente o que Eu Queria Dizer

Dicção é uma habilidade crucial para a sobrevivência no mundo globalizado e ágil de hoje. Pode-se dizer que falar bem é, sozinho, um aspecto decisivo numa entrevista de emprego, ou numa disputa política, por exemplo. Mas, com uma freqüência bem maior do que a comum, eu tenho sido afetado por aquele maldito problema: perder a palavra, esquecer a expressão exata.

Me ocorreu escrever isso ao escutar uma música do conjunto de Recife, fundado por Chico Science, Mundo Livre S/A. O autor da música diz "como eu queria ter a expressão exata" e, pega meio fora do contexto da música (que fala sobre um cara que não gosta de ser beijado pela mulher com bafo de café "quente, amargo e preto"), essa frase veio bem a calhar nas situações que eu gostaria de descrever aqui.

A grande maioria de nossos leitores costumeiros já deve ter passado por isso. É pouca coisa, mas é algo que incomoda bastante. No meio de uma conversa, no auge da retórica, aquela palavra que arremataria a opinião de todos os presentes simplesmente pula de sua língua, some de sua memória e desaparece de seu vocabulário. Então, ficamos com aquela cara de bobo, falando: "como é mesmo a palavra? Tava na ponta da língua...". Maneiras de combater isso são a constante leitura, treino de discurso, entre outras ferramentas aprendidas na aula de 'Comunicação Oral e Escrita' (faço Engenharia e tive essa matéria. Vai entender...). Um bom diálogo com pessoas conhecidas e compreensivas é útil, também.

Outra situação constrangedora é o famigerado bloqueio criativo. Passar dias, semanas e, às vezes, até meses sem nenhuma produção nova. Artistas o combatem "exercendo" o (delicioso) ócio criativo, ou, para os mais abastados, viajando para novos ares em busca de renovação. Como, no meu caso, pelo menos, o ócio é impetuosamente castigado e proibido e viagens são exorbitantemente caras, me resta tomar aquele café quente, amargo e preto e ficar, nem que seja por meia horinha, olhando para o nada. Muitas vezes, resolve. Conversar também ajuda.

Agora, digo a vocês o motivo real desse post meu: eu não tenho, honestamente, sobre o que postar. É uma situação triste quando a falta da palavra exata encontra o bloqueio criativo. Aí sim, estamos perdidos. Só espero que essa minha investida (com resquícios de criatividade) faça sumir esse maldito bloqueio do meu cérebro.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Longa Vida (e Post) aos Titãnicos!

Já faz algum tempo - desde que escrevi o artigo “Entre Guitarras e Pandeiros” – que eu queria fazer um post dedicado às minhas bandas preferidas. Desde então criou-se a seção de dicas aqui no blog, portanto agora vou fazer uma homenagem à uma grande banda sempre que puder.

A minha primeira escolha é uma das maiores bandas do Rock Nacional e uma das minhas preferidas da música em geral: Os Titãs. Eles já foram 9, hoje são só 5. Os Titãs são um conjunto de egos, todos grandes o suficiente pra bandas próprias, mas mesmo assim a banda é uma das poucas a não ter um “front man”, um representante da banda. Basta dizer que praticamente todos os integrantes cantam, só se safam o Belotto, o Gavin e o finado Fromer. Já passaram pela banda Nando Reis e Arnaldo Antunes, dois grandes artistas da música atual. Enfim, como esse é um post de dicas vou indicar e comentar 4 letras dessa banda genial – 3 e meia, na verdade; uma delas só tem um frase, mas também é "a" frase.

Vou começar por uma das minhas preferidas: “Comida”. A Letra é do Arnaldo, do Fromer e do Britto. Uma grande crítica ao assistencialismo. “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. Tem também jogo de palavras entre “comer” e “fazer amor” e a divagação de que toda bebida vem da água e toda comida vem da terra, porque mesmo a carne, do boi, só é possível graças à alimentação do bicho, que é o pasto. Prefiro a versão ao vivo, a de estúdio tem uns sintetizadores que me tiram do sério. Recomendo essa daqui com os Paralamas e com o Arnaldo Antunes, do CD Paralamas e Titãs, Juntos e Ao Vivo, o melhor CD que já comprei na minha vida.

A outra é “O Pulso”, letra só do Arnaldo. Essa é simplesmente genial, somente o Arnaldo pra juntar um monte de doenças e criar um hino do Rock Nacional. A grandeza da letra se deve ao fato de rimar palavras inusitadas e, principalmente, de juntar doenças do corpo com “doenças da alma” como ciúmes, estupidez e culpa. Além disso o riff parece uma daquelas máquinas de cama de hospital mostrando o batimento cardíaco do paciente. Aqui está o link do clipe.

A terceira é “Lugar Nenhum”. Uma pauleira, composta por Arnaldo, Fromer, Belotto, Britto e Charles. Essa é uma hino contra a xenofobia. “Não sou brasileiro, não sou estrangeiro, eu não sou de nenhum lugar, sou de lugar nenhum”. Isso sem contar o trocadilho “Eu não tô nem aí, eu não tô nem aqui”. Simplesmente genial. Vou colocar a mesma versão do CD com os Paralamas, pois essa daqui, além da participação especial do Arnaldo, temos o mestre das seis cordas, Andreas Kisser. No fim do solo rola até um trecho de “Black Dog” pra quem prestar atenção.

Por fim, uma letra genial, que deu título ao álbum que contém a primeira e a terceira música desse post. “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas”. Essa frase é repetida diversas vezes durante a curta música de pouco mais de 2 minutos. A letra que é do Fromer e do Nando, esse último um fervoroso ateu, é uma crítica muito contundente ao fato de querermos aproximar a imagem de Jesus à nossa própria. O Jesus que conhecemos é moreno, de olhos azuis, cabelos longos e lisos e traços finos. Na verdade, pelo que se sabe ele era árabe, e portanto deveria ter tido cabelos e olhos negros e traços grosseiros. O que eles querem dizer é que se fossemos banguelas, Jesus também seria representado sem dentes, afinal ele não é retratado como realmente foi, mas sim como queremos que ele tivesse sido. Pura manipulação religiosa. Enfim, aqui fica a dica, e por aqui fico eu também. Espero que gostem das músicas.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

ENJOEI de Ser Alienada!

A alienação é um assunto muito frequente aqui no blog, mas ainda não foi esgotado. Acho até que nunca será. Em um sentido social, ela se dá pela estranheza da coisa. Marx falava da alienação causada pelo trabalho bestificante, onde o operário não via mais o seu trabalho como algo útil, para si, colhendo os frutos diretos dele. Após a Revolução Industrial, o trabalhador livre vendia essa sua força de trabalho, tornando-se o trabalho somente em si: ele trabalhava para sobreviver, e assim conseguir trabalhar mais no dia seguinte, e assim se manter. O trabalho, para ser mais produtivo, passou a ter uma dinâmica cada vez mais complexa, e exigir cada vez menos criatividade do operário. Não vou me ater a horrenda lógica exploradora do capitalismo (onde quanto mais se trabalha, menos vale esse trabalho). Mas esse foi só o começo de uma alienação em massas. Já existia a alienação da Igreja na Idade Média, uma fuga para os problemas cotidianos, uma efetiva poda cultural, mas muito cruel.

Desde sempre a alienação foi uma realidade (e não uma hipótese) das classes dominantes para se manter no poder sem precisar controlar a população, entorpecida pela alienação. Durante a ditadura militar, o governo , sem ideologia, alienava a população com o futebol, para que não precisasse justificar a sua manutenção no poder.

Max Gonzaga vai mostrar isso de forma simples e direta na música "Classe Média". Apologias desde o movimento CANSEI (manifestação da alienação da classe média alta, que se indigna e protesta somente com os problemas que afetam sua esfera, mas o resto que se dane; eles dizem que querem propor uma reflexão, mas cá entre nós: não é preciso pensar para saber o motivo da brabeza que impulsiona o "movimento") à imparciabilidade da VEJA, são muito bem exploradas pela letra. O clipe é todo feito com marionetes para mostrar o quanto a média da população é facilmente manipulável devido a esse feplorável estado de alienação mental. Fica aí a dica. Segue a letra e aqui o clipe da música.

"Classe Média

Sou classe média,papagaio de todo telejornal
Eu acredito na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média,compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos" e vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos, estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual

Mas eu "tô nem aí" se o traficante é quem manda na favela
Eu não "tô nem aqui" se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado pelo pedinte esfomeado que me estende a mão

O pára-brisa ensaboado.
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em moema, o assassinato é no "jardins"
E a filha do executivo é estuprada até o fim
Aí a mídia manifesta a sua opinião regressa de implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal

Mas eu "tô nem aí" se o traficante é quem manda na favela
Eu não "tô nem aqui" se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida"

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O ENADE

É por isso que eu adoro esse pessoal do blog. 40 minutos de debate sobre o ENADE, prova que Minia e eu faremos no dia 8 de novembro. Não tínhamos opiniões opostas, mas havia minha curiosidade em saber o porquê dos alunos de Direito da UFPR boicotarem a prova.

Gostaria de perguntar isso também para a Aline, nossa honorária aqui do blog, e também para todos. Vejo nesse protesto um raciocínio muito bem pensado, porém pouco trabalhado nas idéias e circunstâncias que foram desenhando o momento atual do país.
Abrindo a discussão aqui para críticas e pedradas, espero que todos compreendam e ajudem a trazer a tona o boicote, que já virou religião para muitas pessoas. A razão desse post é justamente comentar, trabalhar a idéia, para que, como já diz o título, não repetirmos o que foi dito por especialistas, veteranos, presidentes de partidos, e sim usarmos as palavras deles como sustentação da nossa voz. Como estudantes, somos construtores de opiniões e nunca meras pessoas que consentem por diferença de currículo, poder e idade.

As verbas destinadas para as instituições de ensino superior públicas são subordinadas ao critério determinado pelo Ministério da Educação, justamente, o ENADE. Pelo pouco que conversei com a Minia, por isso peço a participação de todos, para saber mais, quanto maior o conceito avaliado por esta prova, maior é a quantia de recursos repassada para a instituição. A quase totalidade dos alunos que boicotam defende o repasse proporcional justamente ao contrário, quanto menor a nota, maior o incentivo estatal. Porém, o boicote não seria maior ainda? Todos querem a maior verba possível, se tirarmos um conceito no teste baixo, teremos mais recursos, vamos boicotar. A arrecadação de impostos pelo governo é descomunal, a prioridade tem de ser a educação, então vamos boicotar mesmo. Não seria justo.

As Universidades públicas que não obtêm um conceito alto recebem posteriormente um fiscal do Ministério da Educação para buscar as supostas falhas do curso que justificariam a nota. O fiscal vai até lá, faz uma vistoria, busca o que não é possível encontrar, como encontrar defeito no ensino de uma UFPR, por exemplo? Cria-se um impasse na maneira que o governo encontrou de justamente impulsionar o ensino superior. Quer coisa mais inspiradora que uma competição? Ainda mais pelo conhecimento, que nunca enche o cérebro. Quanto mais se estuda, mais espaço tem a cabeça. Busquei no pouco tempo que tive de conversa, escrever esse post encontrar uma maneira diferenciada para avaliarem as instituições de ensino superior. De cara, lembrei do famigerado vestibular, que apesar de injusto, por direcionarem o ensino e não conseguir compreender que cada lugar, cada sala de aula, cada pessoa, pode pensar diferente, é o mal necessário para avaliar pessoas de diferentes regiões, escolas e professores. Um boletim com um 10 em plena floresta amazônica, em uma escola de índios e um 10 no Colégio Bom Jesus é totalmente diferente.

Percebi que muitos adotaram essa postura contra por, justamente, pouco pensarem sobre o assunto, por gostarem de estar contra o sistema - com todo o respeito, já que sou, também, contra o sistema -, por tentarem seguir a linha do partido estudantil filiado. Não quero ofender, macular a imagem de ninguém aqui, mas tento buscar sempre o caminho mais curto e benéfico para a solução do Brasil: a educação. Che preferiu ir direto para a luta armada, Gandhi preferiu a guerra sem violência, qual seria a melhor solução nesse caso? Mais verbas não significariam mais vagas, melhor ensino, maior acesso das pessoas à Universidade. Sem querer, ao gritar pelo boicote ao ENADE, deixamos de refletir sobre essas pequenas coisas, que têm um significado maior, o bem comum.

domingo, 18 de outubro de 2009

Satisfação do Desejo

O desejo retorna rápida e fácilmente; a satisfação, de modo lento e difícil. Para cada desejo satisfeito, permanecem contra ele pelo menos dez que não o são. Nossa cobiça dura muito e nossas exigências não conhecem limites; a satisfação, no entanto, é breve e módica: com ela crescem as exigências, porém o contentamento assegurado pela satisfação decresce devido ao avanço do hábito.

Coesão sem Coerência

Que sejam malditas
A métrica regular
E as rimas ricas
Que me fazem empacar.

Com ênclises nunca começo,
Afinal, causam-me asco.
E mesóclises em excesso
Precedem um verdadeiro fiasco.

Versos livres são o que há.
Sem métricas a preencher,
Nada supera sua beleza.

Mas fazer versos sem cessar,
Pela simples paixão de escrever,
Exige-me vera fineza.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Saúde!

Como o brasileiro tem memória curta, não? Olha a tal da gripe suína, por exemplo. Alguém ainda comenta sobre isso? Se bobear essa “pandemia” passou tão rápido que nem deu tempo dos baianos largarem suas redes pra comprar o álcool gel.

Não estou menosprezando a gripe – meus pêsames a quem perdeu parentes e conhecidos graças à doença – só acho engraçado como ninguém mais comenta dela! O vírus continua por aí, como sempre esteve – na verdade ele tá aí há mais de 80 anos, por baixo, afinal, é sempre bom lembrar que ele é uma mutação do H1N1, o vírus da gripe espanhola. Está por aí como o da AIDS, o da gripe comum, o da gripe aviária, e tantos outros. Mas hoje em dia não se vê mais pessoas evitando shopping centers, cinemas, shows, restaurantes e outras aglomerações. Lembro-me que tive a oportunidade de passar por Guarulhos no auge da gripe e rir de todas aquelas pessoas com máscaras – que mais atrapalham do que protegem, que fique claro – sendo que hoje em dia ninguém mais ousa sair com aquilo nas ruas.

Mas acho que isso tudo teve um lado bom. Eu, pelo menos, lavo as mãos com mais freqüência do que no período pré-gripe. A higiene, em si, teve melhorias graças a essa loucura toda. Creio também que as empresas de máscaras cirúrgicas e álcool gel nunca obtiveram tanto lucro em todas suas vidas. Ah, claro, já ia me esquecendo dos jornais que tiveram notícia por mais de um mês tendo todo dia novos números da gripe, poupando os jornalistas de matérias sobre a crise no Senado, que corria solta naquela época.

O que eu mais adorei sobre isso tudo foram as teorias conspiratórias. A Roche que criou o vírus por ser a única a produzir o tamiflu, ambientalistas querendo diminuir o consumo de carne suína, técnicas obscuras de redução populacional, etc. Nem as empresas de álcool gel escaparam das conspirações! Teve até um vídeo em espanhol sobre uma dessas teorias que bombou na internet por aquele período.

Hoje em dia, as únicas coisas que me fazem lembrar que ela ainda existe são os cartazes de métodos de prevenção espalhados pelo colégio, a garrafa de água que eu tive que começar a carregar por terem fechado os bebedouros e a janela da sala que tem que permanecer aberta, o que é péssimo em dias quentes já que o ar-condicionado não consegue circular.

Enfim, como já dizia o poeta, “felicidade não passa de boa saúde e péssima memória”. Talvez seja por isso que o nosso povo é tão alegre.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Divagar, Sempre!

Ah, a arte de vagar...

Não! Arte é divagar.

E A vida? Devagar...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sujo e Mal Lavado Se Abraçando, Enquanto Isso, Bailamos Para Pagar os Impostos

Semana passada, olhei a capa da Gazeta do Povo e vi uma coisa muito bela, um gesto de aliança política para uma causa nobre: o “salário duplex”. Michel Temer e José Sarney de braços dados para o mais novo projeto do Senado, esse projeto visa burlar a simetria de salários adotados pela Constituição. Porém, o novo salário já está sendo aplicado, só não está regulamentado. O Don Corleone do Senado ganha 52 mil reais por mês, enquanto o maior salário, estabelecido pela Constituição, é de 25,7 mil reais, pago aos ministros do Supremo. Como é possível um funcionário público estabelecer o seu próprio salário? Ainda fosse um funcionário público trabalhador e honesto, mas estamos falando do descredenciado Senado. O salário de um ministro da Suprema Corte Inglesa não é determinado, pode-se sacar o quanto quiser. É nesse momento que lamento a descrença e a banalidade que se tornou a democracia brasileira. Tem solução, mas que dá um desânimo, dá...

Temer disse:
“Sou (beneficiado) e certamente mais 5, 10, 15 mil servidores no país também são. Vejo que vocês deram especial preferência à Câmara e ao Senado, mas esqueceram de todas as demais instituições’’.

Você, Temer, simplesmente esqueceu-se da Constituição. Se valesse o dinheiro que pagamos, até daria para conversar...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

E o Nobel Vai Para...

Esse ano o Prêmio Nobel teve diversas surpresas. O Nobel da Paz foi destinado a um “prometedor” e não a um “cumpridor”, o Nobel de Economia teve pela primeira vez uma mulher como vencedora, além dela, houve mais 4 vencedoras, mulheres. Um recorde.

Nos prêmios científicos, o de medicina foi divido igualmente entre Elizabeth H. Blackburn, Carol W. Greider e Jack W. Szostak pela descoberta de como os cromossomos são protegidos pelos telômeros e pela enzima telomerase, importantíssimos para a pesquisa do câncer e do envelhecimento. O de física foi destinado a duas pesquisas: uma feita por Charles K. Kao, responsável pelos avanços na comunicação graças à transmissão de luz por fibras óticas, que resultou num mega-avanço nas telecomunicações, que ficou com metade do prêmio, e outra realizada por Willian S. Boyle e George E. Smith, pela invenção do circuito semi-condutor (sensor CCD) que possibilitou a criação dos pixels. Por fim, o de química foi recebido por Venkatraman Ramakrishnan, Thomas A. Steitz e Ada E. Yonath pelos estudos da função e da estrutura dos ribossomos, o que ajuda a compreender como as bactérias “criam” resistência aos remédios.

O de literatura foi destinado a Herta Müller, não tanto pela sua escrita, mas mais por seu posicionamento político antiautoritarista em plena Alemanha comunista, evidenciando os podres do regime socialista. O de economia, por sua vez, a Elinor Ostrom e a Oliver E. Williamson. A ela, por seu trabalho na demonstração de como propriedades em comum podem ser utilizadas por associações de usuários sem a interferência do estado. Já ele, de como por sua teoria sobre resolução de conflitos entre corporações, também sem interferência estatal. Uma de caráter claramente ambientalista, já a outra com uma postura relativamente liberal, meio contraditório já que ainda passamos por uma crise econômica.

Por fim, a surpresa do ano foi a laureação do Nobel da paz a Barrack Obama, o primeiro afro-descendente a alcançar o mais alto posto governamental estadunidense. A surpresa foi pelo fato de Barrack Obama ainda não ter realizado suas metas, porém, apenas a sua vitória eleitoral já bastou para que os nervos da política internacional se acalmassem.

E o nosso Brasil continua sem ter um Nobel na estante. Já chegamos perto diversas vezes, mas o máximo que alcançamos foi o prêmio de litaratura de Saramago, o escritor português que aboliu a pontuação de sua escrita. Enfim, sempre temos o ano que vem.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Fotografia: Ciência ou Filosofia?

Foi numa manhã, mais precisamente no dia 19 de agosto de 1839, em território francês, que a fotografia se tornou de domínio público. O anúncio oficial foi feito na Academia de Ciências e Artes de Paris pelo físico François Arago, que explicou para uma platéia espantada os detalhes do novo processo desenvolvido por Louis Jacques Daguerre. O físico apresentava e doava ao mundo o daguerreótipo. Naquele momento o ato parecia uma mágica. Uma caixa escura, ferramenta capaz de captar e fixar numa superfície o mundo "real".

Dizem as lendas que em seguida à cerimônia várias pessoas saíram as ruas em busca de uma máquina de fazer daguerreótipos e essa vontade de produzir imagens nunca mais cessou. Daguerre não perdeu tempo. Antes de doar seu invento à França, já o havia patenteado nas Ilhas Britânicas, nos Estados Unidos e nos quatro cantos do mundo.

"De hoje em diante, a pintura está morta" declarava o pintor Paul Delaroche. Nos círculos mais conservadores e nos meios religiosos da sociedade, "a invenção foi chamada de blasfêmia, e Daguerre era condecorado com o título de 'Idiota dos Idiotas'". O pintor Inglês, ainda que utilizasse os daguerreótipos de Nadar para executar seus retratos, menosprezava a fotografia, como sendo apenas um produto industrial e confidenciava: "a fotografia é melhor do que o desenho, mas não é preciso dizê-lo".

Baudelaire, um dos mais expressivos representantes da cultura francesa, negava publicamente a fotografia como forma de expressão artística. Alegava que "a fotografia não passa de refúgio de todos os pintores frustrados" e, sarcasticamente, celebrava a fotografia "como uma arte absoluta, um Deus vingativo que realiza o desejo do povo. e Daguerre foi seu Messias. Uma loucura, um fanatismo se apoderou destes novos adoradores do sol". Com estas declarações, Baudelaire refletia o impacto causado pela fotografia na intelectualidade européia da época.

Um artigo publicado no jornal alemão Leipziger Stadtanzeiger, ainda na última semana de agosto de 1839, ajuda a compreender melhor este confronto:"Deus criou o homem à sua imagem e a máquina construída pelo homem não pode fixar a imagem de Deus. É impossível que Deus tenha abandonado seus princípios e permitido a um francês dar ao mundo uma invenção do Diabo".(Leipziger Stadtanzeiger ,26.08.1839, p.1) A nova concepção da realidade conturbou o mundo cultural e artístico europeu.

Como entender que a fotografia viesse para ficar a não ser em substituição das tradicionais formas de representação? Já se havia gasto vãs sutilezas em decidir se a fotografia era ou não arte, mas preliminarmente, ainda não se perguntara se esta descoberta não transformava a natureza geral da arte e da cultura. A nova invenção teve importância mais filosófica do que científica. Nasceu dentro do germe da sociedade industrial e a partir desta data o mundo nunca mais seria o mesmo.

domingo, 11 de outubro de 2009

Feriado Graças a Deus

Amanhã é dia das crianças, mas sinto lhes informar que, infelizmente, dia das crianças não é feriado. O feriado é graças ao Dia Santificado, homenagem à Nossa Senhora Aparecida, padroeira do nosso Brasil varonil. Feriado assegurado por lei. Amanhã também é dia da leitura, mas isso não vem ao caso. O ponto em que quero chegar é o de que amanhã é um feriado em homenagem a uma santa. O problema? É um feriado religioso.

Não que seja um problema de fato, não tenho nada contra religião nem contra feriados – até porque eu nem sei mais o que é esse tipo de coisa, amanhã tenho aula; até já gostei de feriados num passado remoto e pretendo gostar de novo num futuro não muito distante, mas no momento, pra mim, eles não existem –, mas faz sentido um governo dito laico assegurar por lei um feriado religioso?

É certo que o Brasil é o país com o maior número de católicos do mundo, mas democracia, pra mim, não é impor a vontade da maioria, mas sim assegurar os direitos da minoria. E os brasileiros muçulmanos, hindus, budistas, judeus, ateus, agnósticos e comunistas? Como ficam? Qual é o sentido em um muçulmano comemorar o Dia Santificado, um budista comemorar o Natal ou um ateu comemorar a Páscoa? Por que não comemoramos o ano novo judeu ou chinês além do nosso réveillon tradicional? Muitas perguntas e poucas respostas.

Se vocês pensarem bem, o cristianismo está fortemente impregnado em nossa sociedade. Hospitais, praças, cidades, estados, colégios. Diversos deles com nome de santos. Nem os reais escapam do “Deus seja louvado” ou os dólares do “in God we trust”. Repito, não tenho nada contra religião muito menos contra feriados, só não vejo sentido em se ter um feriado nacional, oficial e religioso.

Se bem que, pensando bem, feriado nunca é demais. Esse post deve ser birra de vestibulando inconformado com os amigos estarem na praia enquanto ele – no caso eu mesmo – vai ficar por aqui, estudando. O que me resta é rezar pra que chova mesmo.

sábado, 10 de outubro de 2009

Momento... Introspectivo

Os pensamentos postos em papel não passam, em geral, de vestígios deixados na areia por um passante. Você enxerga o caminho que ele tomou, mas para saber o que ele viu durante o caminho, é preciso usar os seus próprios olhos.

Eureka!

Afinal, o que é um gênio? Nas palavras dos sábios, "gênio é aquele que entende as coisas mais simples". As grandes descobertas do homem se embasaram em acontecimentos triviais. Isaac Newton teve curiosidade de saber porque uma maçã cai da árvore e a partir disso surgiu a lei que explica porque não estamos, nesse exato momento, flutuando no ar.

Claro que muito sobre esse assunto já foi discutido. Na mitologia chinesa, essa tal gravidade não existia. Flmes de kung fu, como o "clássico" "O Tigre e o Dragão", mostram isso; mas como normalmente não vejo pessoas pulando enormes distâncias por aí, acho que vou acreditar na gravidade (se bem que muitas coisas seriam mais fáceis se pudéssemos voar, mas isso é história para outro texto).
O antigo Arquimedes, descobriu um jeito simples de identificar diferentes substâncias apenas mergulhando esses na água, e assim foi mais reconhecido ainda pelo rei. Um grande gênio do Japão antigo (créditos ao Jamil por esse comentário) o samurai, posteriormente monge, Miyamoto Musashi via que num pequeno e simples corte de poda poderia existir a mais completa perfeição, um corte que poderia ser executado apenas por um sábio, um experiente, um gênio. A tecnologia surge para suprir pequenas necessidades do homem e acaba crescendo demasiadamente, tornando-se essencial no nosso dia-a-dia. A Internet surgiu para facilitar a comunicação e hoje só o que falta são objetos serem materializados da tela do computador.

Os gênios de cada época trabalham em áreas diferentes. Sempre existiram: desde o inventor da roda e o homem que aprendeu a usar o fogo (não quem o "descobriu"), até aquele conhecido excêntrico que entendeu que até uma coisa trivial como o tempo é relativa. Frente a tudo isso, acabamos até pensando que de gênio ninguém mais pode ser chamado, já que tudo que imaginamos já foi descoberto. Mas o gênio não é só aquele que descobre o trivial. É também aquele que encontra no trivial o que ainda não foi descoberto.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Haru Matsuri 2009 - Curitiba

Dias 10, 11 e 12 de Outubro (sábado, domingo e segunda), no pavilhão de exposições do Parque Barigui, estará havendo o Festival da Primavera de Curitiba, no estilo nipo-brasileiro, o Haru Matsuri.

O Matsuri contará com a participação de gloriosos grupos folclóricos como o grupo de dançarinas do Odori (dança tradicional japonesa), grupos de Taiko (tambores japoneses), grupos de artistas marciais, e nossos cantores de todas as faixas etárias, dessa vez com a participação do cantor de Maringá, Joe Hirata. Além disso, teremos atividades culturais, dirigidas pelo Consulado japonês, como a cerimônia do chá. Exposições de diversos objetos, carros e fotos. Para uma diferente diversão: o Matsuri Dance, dança feita por jovens com músicas japonesas, apresentações de bandas cover japonesas e torneio de cosplay. Venda de artesanato japonês: desde origamis (dobraduras) e ideogramas até kimonos, ante com bambu e produtos de anime (desenho japonês) e mangá (gibi japonês). E a esperada praça de alimentação com variados pratos japoneses e nipo-brasileiros.

Haverá também o XXVII Gueinosai, Festival de artes cênicas: danças e músicas folclóricas; e também o concurso para escolha da Deusa da Primavera 2009.

Horários:
Sábado: 10:00~22:00
Domingo: 10:00~22:00
Segunda: 11:00~18:00

Preço:
R$5,00 o ingresso

Espero vocês por lá!

Ironia da Vagueza Rotineira

Hoje tive um momento epifânico: lá estava eu no dentista. A aula tinha sido uma tempestade cerebral, informações novas e infindáveis; a chapa em que eu votei perdeu; o PDU (um partido que eu particularmente acho ridículo, a direita da faculdade, só querem saber de festa com as moças da noite da PUC e churrasco) tinha ganhado as eleições do centro acadêmico, e não parava de berrar no andar logo abaixo; a banquinha de churros estava fechada; o sol estava saindo. Imaginem o meu humor: péssimo. Na sala de espera, ao invés de pegar uma CARAS para ler, fui de gibi da Mônica. A única revista saudável ao intelecto lá era uma ISTO É antiquíssima, mofando no cantinho da mesa, na capa, tinha o titanic afundando.

Olhei para o meu lado, todo mundo vendo um programa bobinho de culinária na TV. Ai que eu notei: quase ninguém hoje quer passar o tempo pensando. As pessoas buscam cada vez mais analgésicos mentais para a rotina cinza e fria que o sistema nos impõe. O culpado? Nós mesmos. A maioria não se mostra descontente com isso. O mínimo fora do comum, idéias novas, já é o suficiente. Somos conformados a um padrão contínuo. O resultado? Uma sociedade planificada culturalmente. Uma personalidade de massas. Pessoas previsíveis. O diferente é visto como suspeito. A inércia se torna dominante nos dias cheios e corridos da maioria, que não tem mais tempo para simplesmente parar e pensar. Essa crueldade se torna obrigatória. Se não nos submetermos a maçante rotina do trabalho, o que irá nos sustentar? Talvez esse seja um dos maiores defeitos do sistema, não só capitalista, mas a ditadura cultural em que estamos: escassez de alternativas.

Ao mesmo tempo que essa rotina corrida nos aliena, ela nos é necessária. Quem não gosta de ter a situação sob controle? Quem não gosta de segurança? A cova que a sociedade compulsivamente cava é o chão em que ela se sustenta. Eu mesma,por exemplo. Meu medo mais profundo é: falta de controle, vulnerabilidade, instabilidade. Esses elementos vem para nós como um tempero para a rotina comum. Ao mesmo tempo que os evitamos, procuramos também.Que paradoxal! As pessoas procuram cada vez mais evitá-los, alienando-se com fofocas sobre os famosos, conversas planas, dias cheios. Mas também querem achá-los, em romances de aventuras, programas de viagens, esportes e coisas mil.

Ao mesmo tempo que gosto, tenho asco ao ordinário. É como Augusto dos Anjos, já dizia: "A mão que afaga é a mesma que te apedreja".

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

50 Vezes Mais do Mesmo

*Jamil acabou de entrar*
- Grande Jamil!
- Daê, tranquilo?
- Belê... Ei, você viu? O nosso próximo post vai ser o de número 50! Meia centena! 5 dezenas! É coisa pra burro cara!
- Haha. É mesmo, nem tinha visto...
- A gente podia fazer um post especial sobre isso, né? Tipo comemorativo, sei lá.
- É uma boa.
*Pedro Felipe acabou de entrar*
-Aê, o Pedro entrou...
- Senhores! Bom com vocês? A Hermínia tá aqui comigo, a gente vai no jogo do furacão depois...
- Pô, você não vai ficar?!?!?!
- Ah, bixo, jogo... haha
- Oi fios!
- Oi Minia!
- Oi
- Olá...
- Ah, beleza... Meu, nosso próximo post é o 50º. A gente tá pensando em fazer algo especial. Que que vocês acham?
- É bão, é bão. A gente podia cada um escrever um parágrafo, sei lá...
*Javã Társis acabou de entrar*
- Shhhaaffã!
- Aêêêê!
*Dan Yamada acabou de entrar*
- O Dan também! Haha.
- Ei, vocês viram que o próximo post vai ser o quinquagésimo do blog!?
- Orra! Haha.
- A gente tá pensando em fazer alguma coisa especial, tem algo em mente?
- A gente podia fazer aquele post de apresentação lá. Que a gente acabou não fazendo...
- Meu, acho que a gente podia falar dos nossos feitos. Orra, nós nesse 1º mês de vida já tivemos mais de 1500 visitas! Veio gente de 30 cidades diferentes! Até um cara de NY e um da Argentina que entraram por engano no blog...
- Sério!? 30 cidades? Essa eu não sabia...
- Cara, eu e a Hermínia temos que ir, senão vamos pegar uma mega fila no estádio. Mas antes quero falar uma coisa, e quero que vocês ponham isso no post. Quero dizer que essa viagem pro Japão que a gente fez, a prova, os almoços, tudo, foram as melhores coisas que já aconteceram na minha vida. É muito bom ser amigo de gente que nem vocês, esse blog só é uma parte disso. Eu amo vocês pessoal...
- Pedro, como sempre, sentimental... Haha. Também te adoramos Pedro! Beijos e té mais!
- É bem isso mesmo. Beijos Minia, falou Pedro!
- Beijos
- Falou, té mais!
- Juízo vocês, hein?
- Até!
*Pedro Felipe acabou de sair*
- Que mais pessoal? Ideias, ideias, ideias!
- Ah, a gente tem que agradecer o pessoal que comenta também, né? Tem aquela menina que faz uns comentários enormes...
- Aline! Minha amiga...
- Isso! Tem também aquele Guilherme de São Carlos...
- Até o Norton já postou por aqui...
- O Yeso tentou, mas falou que não conseguiu, não tem conta no Google...
- Mas nem precisa... Ah, tem também a Candice que tá mostrando pra todo o segundo ano da Ângelo o nosso blog!
- Não nos esqueçamos dos nossos amigos que tem nos apoiado, e muito!
- Voltando ao post. A gente podia fazer algo meio nostálgico!
- Boa Dan! Tipo, o nosso 1º post! Lembram? Ainda tenho o arquivo da nossa conversa quando criamos o blog!
- Sério? Irado!
- Podemos comentar do 8 de Setembro... Foi o nosso pico, sabiam? 98 visitas num único dia!
- Também! O 7 de Setembro teve o quê? 4 posts! Haha.
- Ah, a gente pode falar de cada um, né? Tipo do Dan que ainda não postou...
- O meu post já tá nos rascunhos!
- Ou do Javã, que é fotógrafo e nunca pôs foto dele, né?
- Quê? Não tava prestando muita atenção. Tava num momento... Introspectivo...
- Ai ai... Haha.
- Tem o Jamil que só viaja na maionese também...
- Maionese, no queijo, no pão, no presunto.Tá loco!
- “3 queijos / 2 presuntos” haha.
- Ou do Pedro e dos seus posts enormes e cansativos... Haha.
- E ele nem tá aqui pra se defender!
- Ou do Allan que se acha poeta... Haha.
- Bixa...
- Bixa...[2]
- Tá. Eu sei que vocês me amam...
- Mas como vai ser o post? Tipo, estrutura?
- MEU! TIVE UMA GRANDE IDEIA!
- Lá vem... Haha.
- Diga Allan.
- A gente podia fazer um diálogo! Aliás, um “hexálogo”, pra mostrar os nossos bastidores, o que a gente diz, como vemos o mundo, como pensamos em fazer nosso 50º post, e tal...
- Nossa Allan, que péssima ideia. Quem iria ler uma coisa dessas? É cada uma...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Esquerdopatas Vs. Direitapados

Maldição!

No fim das contas,

Todos se rendem ao cifrão.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Matematicando

A proporção áurea está presente em quase tudo no mundo, do corpo humano à quantidade de folhas numa árvore. Regras de três são utilizadas todos os dias sem ao menos nos darmos conta. Tem gente que não suporta deixar o volume da televisão ou do rádio num número ímpar não-múltiplo de cinco.

Percebe-se que a amplitude de cada situação citada acima foi diminuindo. Mas o que não decresce em nenhum momento na história da humanidade, ou ainda, só aumentou com o tempo, é a importância da matemática e a sua presença em nossas vidas.

Para ilustrar isso, citarei alguns exemplos de minha vida. Primeiro, algo que julgo de extrema importância em minha existência aqui na Terra: a proporção entre queijo e presunto num sanduíche qualquer. É senso comum que um queijo para um presunto não dá certo. Dois queijos para um presunto é aceitável. Agora, perfeito mesmo é um 3 queijos/ 2 presuntos. Isso sim é um misto bem feito. Podem me chamar de bobo, desocupado ou até viciado em misto-quente, mas que essa combinação não tem erro, ah, isso eu garanto.

Outra coisa, mas essa é mais particular das pessoas que seguiram vida acadêmica pelos cursos dá área exata. Impressionante como, mesmo fora das aulas, fazendo lanches, bebendo uma cerveja ou mesmo jogando uma "scopa" com os amigos de sala, as aulas de cálculo impregnam em nós. Piadas sempre temperadas por integrais e derivadas ("qual a derivada de 'rô'?") são uma amostra da bitolação que o cálculo nos condenou.

Pode ser que certas pessoas (aquelas, que somam os números das placas de carro, que contam os passos ao andar, que têm pavor de deixar algo contado terminar em número ímpar não-múltiplo de cinco,...) se identifiquem mais com essas historinhas, mas eu posso assegurar a todos que não só nós, corajosos estudantes de engenharia, mas todo mundo mesmo não seria nada sem a matemática e sua embasbacante universalidade. (Ufa! Foram cinco parágrafos...)

"'Royale' With Cheese"

"Pulp Fiction" - Quentin Tarantino

Com o nome significando, literalmente, revista ou história de baixa qualidade sobre violência, na maioria das vezes, esse filme trash de um diretor não menos trash é uma viagem ao mundo da violência e da redenção.

O filme conta três histórias, não em ordem cronológica, mas que se cruzam em certo ponto. Dois mafiosos que vão acertar contas em nome de seu patrão e que, no caminho, só conseguem conversar sobre hamburgueres e sobre a importância de uma massagem nos pés de uma mulher. Um mafioso que deve levar a mulher de seu chefe para se distrair e dançar e acaba levando ela a cheirar heroína por engano. Um pugilista que, depois de combinar uma coisa, faz outra, mata o adversário e foge de mafiosos meio descuidados.

Falando assim, as três histórias parecem meio sem nexo, mas, ao perceber a intersecção delas, notamos a genialidade do roteiro (que ganhou o Oscar de melhor roteiro original em 95). Outra coisa legal de se prestar atenção é a cabeça do mafioso interpretado por Samuel L. Jackson, Jules Winnfield, que, ao chegar a decisão de abandonar a vida do crime, dá uma lição de moral num assaltante que tentava roubar o restaurante onde ele e seu comparsa se encontravam. Detalhe para a passagem bíblica (Ezequiel 25:17) que Winnfield sempre cita e a paixão com que ele o faz.

Outra coisa que chama a atenção é a trilha sonora escolhida a dedo e muito celebrada do filme. Músicas como as clássicas do surf "Misirlou", "Bustin' Surfboards" e outras que se adequam ao momento, como a de Chuck Berry, "You Never Can Tell", que serve de fundo pra cena mais clássica de todo o filme, a dança de John Travolta com Uma Thurman, muitas vezes parodiada e/ou imitada.

Aqui, a página do filme no IMDb (em inglês).

domingo, 4 de outubro de 2009

A Memória É Curta, Mas Isso Não Pode, Não Deve e Não Será Esquecido

Busquei estar a par dos fatos o máximo possível para escrever esse artigo, pois ele trata do mais novo conflito de opiniões aqui no Brasil: Honduras. Manuel Zelaya, Micheletti, Brasil, ONU, Constituição de Honduras, a confusão é grande. Mas por que o Brasil resolveu intrometer-se nessa questão?

Em 1964, aqui no Brasil, apoiado pela Igreja, pela classe média e pela direita e centro partidários, o exército, a marinha e a aeronáutica, representadas pelos seus coronéis e brigadeiros, destituíram João Goulart que, por direito, deveria assumir o governo. Durante esse período, o Brasil simbolizou, para quem olhasse de longe, uma nação promissora economicamente, porém, para os que conviviam com as conseqüências dos Atos Institucionais, a visão era de um país que fez o cala boca prevalecer, direitos constitucionais suprimidos, torturas nos porões. Durante essa época, um grande jurista brasileiro, Francisco Campos, talvez o maior de todos os tempos no Brasil, foi recrutado pela Ditadura Brasileira para justificar o golpe de Estado. Era incansavelmente dito no texto que a Constituição que eles acabavam de rasgar defendia o golpe, pois o Brasil passava por uma ameaça comunista e tantos outros argumentos que faziam uso da ignorância de grande parte da população para encobrir que a democracia foi violada e que demoraria quase 30 anos para o brasileiro poder votar novamente.Tortura, parentes mortos, receitas de bolo em capa de jornais, exílio para muitos.

Em 2009, apoiado pela oposição, Manuel Zelaya foi destituído do poder, expulso de seu país, de pijama, com um fuzil apontado em sua cabeça. Sob justificativa de buscar a reeleição, Roberto Micheletti, presidente da câmara assumiu a presidência. Foram suspensos direitos constitucionais, emissoras de rádio foram fechadas, alguma semelhança com o segundo parágrafo?

Para fundamentar meu argumento, busquei os artigos da Constituição Hondurenha e consultei as notícias que antecederam o golpe de Estado. Zelaya, que não é flor que se cheire, que fique bem claro, porém eleito pelo voto popular, tem uma política que visa à progressiva interdependência Hondurenha dos Estados Unidos. Quem conhece um pouco da história de Honduras, verá que esse país sempre foi considerado como um protetorado dos Estados Unidos. Tanto que, por pressão do ex-presidente estadunidense cowboy Ronald Reagan, foi elaborada uma Constituição nos moldes ocidentais. Tal carta tinha nos seus artigos, claramente expressos, a intenção estadunidense de manter a soberania no país ao estabelecer e vedar totalmente a reeleição para que, assim, fosse inviabilizado qualquer tipo de reforma profunda na estrutura social e política Hondurenha.

O Artigo 4 da constiuição Hondurenha prega que Honduras é um governo republicano, democrático e representativo. Se exerce pelos 3 poderes que são independentes entre si. O exercício da Presidência da república é obrigatória, e infração dessa norma é um delito de traição à pátria. O problema desse Artigo é que não estabelece a maneira como será destituído um presidente que defender a reeleição. Além disso, Zelaya não propôs uma nova Constituinte, Zelaya propôs uma consulta popular que perguntaria: “Você acha que o país deve fazer um referendo para elaborar uma nova Constituição?”. Então a consulta popular seria uma consulta sobre uma outra possível consulta que propunha se deveria convocar uma constituinte. Os militares pressupuseram que Zelaya tinha intuito de estabelecer a reeleição.

Bom, a questão não é se Zelaya queria ou não a reeleição, a questão é que foi uma violação da democracia e também uma supressão de direitos inalienáveis do homem. Pessoas foram mortas, impedidas de manifestar sua opinião. E, acreditem se quiser, ainda há grandes estudiosos brasileiros dizendo que o golpe foi Constitucional.

O Artigo 1 prega que Honduras é um estado de direito, soberano, independente e democrático. Preciso ainda dizer por que o Brasil deveria interferir nessa questão? Será que Zelaya estaria vivo se recorresse à embaixada dos EUA? Vamos pensar de outra maneira, Jango ficaria no poder se pedisse ajuda aos EUA? Obviamente, não. Seria um insulto à memória de nós brasileiros permitirmos um golpe militar em um país latino-americano como nós. Assim como é um absurdo hoje muitos defenderem a Ditadura no Brasil, pois isso mostra a conivência à tortura, à morte, à censura. Além disso, a revista Veja, que ainda consegue piorar sua imagem no cenário acadêmico, chama essa política adotada por nós de "Imperialismo".

Hoje temos o Direito à memória e à verdade. Todos nós brasileiros temos o direito de saber o que foi a ditadura e o que ela causa de prejuízos a uma nação. Imperialismo é permitir a violação de Direitos Humanos, apoiar ditaduras, como fez os EUA com os militares brasileiros e argentinos, com Stroessner no Paraguai, com Pinochet no Chile, com Saddam Hussein e seu massacre aos xiitas no Iraque, e tantas outras.

sábado, 3 de outubro de 2009

“Cidade Maravilhosa, Cheia de Encantos Mil”

Pois é, ontem saiu o resultado. Nós, um país supostamente subdesenvolvido, com complexo de vira-lata, batemos Espanha, Japão, Estados Unidos. Provamos que temos coração, que temos paixão, que queremos as Olimpíadas. Provamos que nós somos uma das mais importantes nações do mundo sim e que temos condições sim de receber um evento desse porte.

“Ah, mas o país não tem infraestrutura”. Ter, tem. Tem dinheiro público pra uma olimpíada, uma copa, e ainda sobra pra arrumar saúde e educação. O que falta é seriedade. Falta honestidade dos governantes, falta justiça na escolha das empreiteiras, falta cobrança dos eleitores. Falta só verdade porque vontade, meu amigo, isso temos de sobra. Se o Brasil sabe fazer duas coisas muito bem, essas são esporte e música. Como música não é competição, nos resta brigar pra sediar uma Olimpíada. Aliás, não só uma olimpíada qualquer: a primeira Olimpíada da América do Sul.

Posso estar sendo romântico demais, mas sediar os jogos não é pra qualquer um. Estou esperançoso, ansioso e otimista. Serão feitas obras públicas, serão criados novos empregos, será enaltecido o esporte. Espero que façamos bonito pro mundo todo nos reconhecer, assim como aconteceu com a China, assim como vai acontecer com a África do Sul. Só espero que tudo isso não sirva de brecha pra superfaturamentos nem de pano pra cobrir falcatruas parlamentares. Que tudo isso não seja só circo, mas que seja também pão, livro, hospital e justiça. Bom, pelo menos o Cristo já tá de braços abertos. Que venham os jogos Olímpicos!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

ENEM, Porquinhos, Folga, Haddad, Indignação

Se teve um ano bichado pra prestar vestibular esse ano foi – e ainda tá sendo – o de 2009. Tudo começou quando o MEC decidiu – por motivos políticos, que fique claro – “vitaminar” o ENEM transformando-o no “novo vestibular”. A ideia era mudar o método de ingresso nas universidades: uma prova de raciocínio no lugar da antiga decoreba vestibulosa. Pelo visto o ministro Haddad nem olhou provas como as da Fuvest, da Unicamp ou até da nossa UFPR. Provas que prezam pelo raciocínio e não por aquele método de prova cinquentista.

Enfim, foi um corre corre entre os cursinhos – que já tinham cronograma pronto pro ano e tudo mais – pra incluir o ENEM no ano letivo. Eu mesmo tive 3 apostilas e mais de 50 aulas virtuais destinadas a essa prova maldita. Tudo bem, até aí tudo bem. Voltamos das férias conscientes de que teríamos mais aulas quando, de repente, surge essa tal da Gripe do Porquinho – a suína, Influenza A H1N1 – pra simplesmente “comer” 2 semanas inteiras de nossas aulas. Resultado? Eu tive aulas de domingo a domingo por 6 semanas seguidas pra repor as aulas perdidas.

Ontem, dia 1 de Outubro, tive uma notícia que não sei dizer se é ruim ou não, mas que não deixa de ser desrespeitosa. Provas do ENEM foram surrupiadas dos cofres secretos do governo – onde só duas pessoas tinham acesso! – e oferecidas por 500 mil – com uma história muito mal contada, por sinal – ao Estadão, portanto, ENEM cancelado e adiado pra no mínimo uns 40 dias. A notícia é boa porque eu teria aula das 13h às 22h ontem, quinta, e hoje, sexta, de revisão pras provas do fim de semana. Agora vou ter uma semana inteira de férias forçadas, felizmente. A notícia é ruim porque em Novembro, quando eu estiver atolado de provas pra fazer, 200 questões de teste psicotécnico – que é o ENEM – vai ser demais pra minha cabeça.

Deixo esse post de indignação sobre o desrespeito para com os mais de 4 milhões de inscritos no ENEM. Se é intriga da oposição pra derrubar ministério, se é palhaçada do governo, pouco me importa. O que importa é que o MEC inventou essa tristeza e agora é bom que tenha a fineza de desinventar.

"O que É Isso, Companheiro?"

A Lei da Anistia aprovada por Figueiredo em agosto de 79 faz aniversário em 2009. Mesmo assim, ainda tem gente que acredita que essa auto-anistia do governo golpista brasileiro foi ampla, geral e irrestrita. Só se foi para o lado negro da força. Essa lei é aquela que o presidente aprovou para agradar Alencar Furtado, exilado por Geisel, anistiando aqueles que cometeram crimes políticos e conexos com eles. Assim, exilados políticos puderam voltar ao Brasil. No entanto, afrontas aos direitos fundamentais da humanidade foram também perdoadas, graças a essa maldita palavrinha: CONEXOS.

Penso que crimes políticos não envolvem crimes comuns como sequestros, assassinatos e estupros. Anistiar crimes conexos aos crimes políticos seria consentir com a não punição dos mesmos, e o pior, em nome de uma rápida redemocratização do país, que por sinal ainda não ocorreu, mesmo depois de 30 anos. Graças a isso, crimes como o massacre do Araguaia, onde 70 pessoas opositoras ao regime militar foram mortas por defenderem um combate armado, não foram investigados nem punidos . É claro, não se combate violência com violência. Mas esse ciclo encontrou uma tréplica legal, que até hoje não puniu os responsáveis pelo massacre aos direitos fundamentais daqueles cidadãos.

As torturas, estupros, e desaparecimentos, afrontas cometidas contra aquela geração, até hoje não encontraram conseqüências. A lei, de tão ampla, não informou diretamente quem deveria ser absolvido, propositalmente. O governo queria dar a população, cada vez mais alienada com o futebol, a falsa segurança de um sistema democrático. Essa lei foi motivo de IMPEDIMENTO de investigações e de punições desses crimes. Graças a essa vagueza da anistia, dotada de uma mesma ingenuidade de um menino de 8 anos, que a OAB entrou com um pedido no STF, em 2008, pedindo maior precisão da abrangência da lei, para que crimes como a tortura e o desaparecimento de cidadãos sejam penalizados.

O Brasil concordou com a criminalização da tortura no século passado, assinando diversos tratados. No entanto, ela encontra-se legitimada pelo próprio Estado. A nossa geração não precisa mais lutar por liberdade de expressão, voto direto e direitos humanos. No entanto, temos o direito de saber a verdade, o direito à memória. Os crimes praticados durante a ditadura precisam ser expostos, não utilitariamente quantificados, mas sim revelados ao povo, e assim punidos. Isso não é revanchismo, como falou o ministro Vannuchi, mas sim um combate a atual impunidade. Seria um esquartejamento em praça pública da não-punição de crimes praticados dentro dos meandros do sistema burocrático brasileiro.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

"For Those About to Rock, We Salute You"

É, uma das mais importantes bandas da história da música vem, de novo, pro Brasilzão. Dessa vez só passando por São Paulo, o AC/DC volta para um de seus países preferidos.

Em 1996 o grupo tinha marcados shows em SP e Rio de Janeiro. Como surgiram alguns problemas quanto ao Maracanã, que seria o palco na cidade maravilhosa, de última hora, vieram para a capital do Rock, Curitiba. Meus irmãos foram (malditos!) assistir o show na Pedreira Paulo Leminski, mais lotada do que nunca, e puderam apreciar os clássicos marcantes, porém simples, dessa magistral banda.

Agora, 2009, em turnê de seu novo álbum do final do ano passado, "Black Ice", o AC/DC passa pelo Brasil em show único no Morumbi. Óbvio que vendi meus rins e minhas calças para poder ir. 27 de novembro estaremos lá, prestigiando e cantando hinos do naipe de "Back in Black", "Highway to Hell" e as novas obras-primas do novo álbum, "Black Ice", "Rock and Roll Train" entre inúmeras outras que me fazer arrepiar só de ouvir o nome.

Sem exageros, vale dizer que o AC/DC é uma das mais influentes bandas de nosso tempo e dos antigos, e que seu legado, espero eu, atinja meus netos e bisnetos, para os quais contarei, orgulhoso, que fui ao show desses caras, em novembro de 2009.

Utilidade pública, aqui link para informações do show. Só não garanto ingresso. Na Argentina acabaram-se em 2 horas...